A crise do Pix e a falta de rumo do governo Lula
Da Redação
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A crise gerada pela decisão do governo sobre o Pix revelou a falta de direção de Lula e de sua administração. Em uma ação burocrática e rotineira, o governo tomou uma decisão, mas diante da repercussão e das especulações, revogou a medida, alimentando a desconfiança no próprio governo. A oposição ironizou, questionando se a revogação havia dado razão aos boatos que circulavam.
A questão vai além de simples boatos, como Machado de Assis descreveu como a “telegrafia da mentira”. O episódio expôs a falha do governo em priorizar o que realmente importa, com foco excessivo nas redes sociais e nos índices de popularidade, ao invés de se concentrar nas questões políticas essenciais. A crise se intensificou porque o governo perdeu tempo debatendo um comentário de um deputado oposicionista, enquanto deveria enfrentar um problema maior: a perda de credibilidade.
A confiança no governo está se deteriorando, o que é visível em dois aspectos principais: o dólar ultrapassando os seis reais, quando há um ano estava abaixo de cinco, e o aumento da taxa de juros, que saltou de 10,75% para uma previsão de 15% até março, de acordo com o Banco Central.
Confiança é a mercadoria mais valiosa e difícil de conquistar. A história mostra que governos, como o de Itamar Franco em 1994, conseguiram restaurar a confiança política e econômica com esforços de comunicação eficazes, como a criação da Unidade Real de Valor (URV), que tornou possível a transição para o real. Na época, Lula, que era oposição, criticou duramente o Plano Real, mas o eleitorado confiou na mensagem do governo, o que resultou na vitória de Fernando Henrique Cardoso.
Agora, a crise do Pix mostra que o eleitorado tem um rumo claro. O desafio para Lula é encontrar a sua bússola política e ajustá-la para reconquistar a confiança que se perdeu dentro do Palácio do Planalto.