Cannes Lions revoga Grand Prix de DM9 após escândalo envolvendo uso de IA em campanha
Da Redação
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O prestígio conquistado pela agência brasileira DM9 no Cannes Lions 2025 sofreu um duro golpe nesta última sexta-feira (27), quando o festival revogou o Grand Prix de Creative Data concedido à campanha “Efficient Way to Pay” para a Consul Appliances. A decisão veio após a constatação de que o vídeo do case continha conteúdo gerado e manipulado por inteligência artificial, simulando eventos e resultados que nunca ocorreram na realidade.
Segundo os organizadores do festival, “isso viola as regras de representação factual do Cannes Lions e compromete a confiança depositada no trabalho pelos jurados e pela comunidade criativa”. O Cannes Lions reforça que sua missão é celebrar a criatividade real, representativa e responsável.
A DM9, parte da rede DDB Worldwide sob o guarda-chuva da Omnicom, havia sido uma das maiores vencedoras do evento, com 21 Lions conquistados e papel fundamental para que a DDB retomasse o título de Network of the Year.
No entanto, a revelação do uso indevido de IA, denunciada por um whistleblower e confirmada após investigação conjunta com auditores independentes, levou à retirada mútua da inscrição da campanha.
Além do Grand Prix revogado, a agência também retirou voluntariamente outras duas campanhas premiadas: “Plastic Blood” para OKA Biotech e “Gold = Death” para Urihi Yanomami, reconhecendo que os trabalhos não atendiam aos padrões de legitimidade exigidos.
Em resposta ao escândalo, o Cannes Lions anunciou novas medidas para coibir o uso indevido de conteúdos sintéticos, incluindo a obrigatoriedade de declaração do uso de IA em inscrições, reforço do código de conduta, ferramentas de detecção de manipulação e a criação de um comitê de ética dedicado à IA.
A DM9 informou que pretende criar um Comitê Interno de Ética em IA e implementar salvaguardas, mas o impacto na confiança do mercado ainda é incerto. Este episódio reacende questionamentos sobre o histórico da agência, que já enfrentou polêmicas em 2001 relacionadas a práticas controversas em festivais.
O caso DM9 serve como alerta para a indústria criativa sobre os limites éticos no uso da inteligência artificial e reforça a importância da transparência e autenticidade na comunicação publicitária.
