Preço do smartphone dispara no brasil com dólar alto e avanço do 5g

Da Redação
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O preço médio dos smartphones no Brasil subiu 88% entre o primeiro trimestre de 2024 e o mesmo período deste ano, chegando a R$ 2.557, segundo dados inéditos da consultoria IDC. O impacto do dólar alto, o crédito mais caro, avanços tecnológicos como o 5G e a inteligência artificial, além das tarifas comerciais dos EUA, formam uma tempestade perfeita que eleva os valores e reduz as vendas no país. A consequência direta está nas lojas: em 12 meses, as vendas caíram quase 10%, afetando consumidores e fabricantes.
A indústria enfrenta uma conjuntura desafiadora, explica Reinaldo Sakis, diretor de Pesquisas da IDC. “O preço alto neste início de ano é um reflexo de todas as incertezas que vêm aumentando. Ao longo de 2024, a cada trimestre houve altas nos valores dos celulares. Hoje, por exemplo, metade dos smartphones vendidos já é de Quinta Geração (5G), que têm preço maior.” Ele destaca que a alta do dólar no ano passado impactou fortemente o custo dos componentes importados, especialmente quando os fabricantes investem em modelos com maior capacidade de processamento e baterias mais robustas para suportar as tecnologias recentes.
Apesar do baixo desemprego e da renda em alta, o bolso do consumidor sente o peso da chamada inflação eletrônica. O crédito mais caro — em um cenário em que os juros básicos chegaram a 14,75% ao ano — dificulta a compra, que geralmente é parcelada. “O ciclo de alta dos juros inibe crédito mais generoso para um item que a maior parte dos brasileiros compra a prazo”, reforça Sakis.
Para driblar essa situação, as fabricantes têm alterado seus portfólios, apostando em linhas mais baratas sem abrir mão das tecnologias-chave, como o 5G e a inteligência artificial. “Os modelos com preços abaixo de R$ 1.200 começaram 2025 com participação de 40% nas vendas, o dobro de um ano antes”, afirma Ari Lopes, gerente de pesquisa para Américas da Omdia. Ele ainda aponta que o Brasil, por suas taxas de importação que chegam a cerca de 40%, tem atraído investimentos para produção local de smartphones, uma estratégia que ajuda a reduzir custos e combater o mercado ilegal, que responde por quase 20% das vendas.
Em um movimento inédito no país, a Apple iniciou a produção local do iPhone 16e, modelo mais econômico lançado em fevereiro, que mantém funcionalidades avançadas, como o sistema de IA com ChatGPT integrado, ligação via satélite e chip A18. O preço sugerido de R$ 5.799 é bem abaixo dos R$ 7.799 da versão tradicional. A montagem ocorre na fábrica da Foxconn, em São Paulo.
Seguindo essa tendência, a Samsung, líder do mercado nacional, lançou em abril o Galaxy A06 5G, o smartphone 5G mais barato da marca, vendido por R$ 899 em parceria com operadoras. Gustavo Assunção, vice-presidente sênior da Samsung Brasil, explica que o objetivo é “facilitar o acesso” dos consumidores. A empresa também anunciou uma versão mais acessível da linha premium S25 Edge, que incluirá recursos de inteligência artificial. As operadoras de telefonia também voltam a apostar na venda de aparelhos, aumentando subsídios e oferecendo planos pós-pagos com parcelamentos superiores a 20 meses. Segundo a IDC, a participação das teles nas vendas de celulares cresceu de 9,28% para 12,15% no início deste ano, reforçando a estratégia para ampliar o uso do 5G no país.
Marcas chinesas estão fortalecendo sua presença no Brasil com investimentos em produção local e parcerias estratégicas. A Realme inaugurou uma fábrica na Zona Franca de Manaus, onde planeja produzir mais de 28 mil unidades mensais. “A fábrica facilitará a adaptação dos produtos às preferências dos consumidores locais. Para 2025 planejamos abrir 10 lojas da marca no Brasil e inaugurar 40 centros de serviços”, destaca Tedy Wu, CEO da Realme para América Latina.
Seguindo a mesma linha, a Oppo firmou acordo para produção local com a brasileira Multilaser, ampliando seu portfólio no país. André Alves, gerente sênior de vendas da Oppo, destaca que “mesmo em um cenário desafiador, temos registrado resultados muito positivos. Estamos confiantes com os próximos passos no mercado brasileiro.” A meta da Oppo é colocar o Brasil entre seus cinco principais mercados globais e alcançar a vice-liderança entre as marcas Android até 2029.