Decisão de Moraes sobre extradição de traficante búlgaro gera crítica e tensão diplomática

Da Redação
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A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de interromper o processo de extradição do cidadão búlgaro Vasil Gergiev Vasilev, condenado por tráfico internacional de drogas na Espanha, vem sendo vista como uma das mais controversas em sua atuação recente, especialmente no contexto de seu protagonismo no combate à extrema direita golpista brasileira.
Vasilev é acusado de transportar 52 quilos de cocaína em malas por Barcelona, em outubro de 2022, segundo informações da Interpol. Após o crime, fugiu para o Brasil, onde atualmente reside. O governo espanhol havia solicitado sua extradição, mas Moraes decidiu não apenas suspender o processo, como também libertar o criminoso, impondo prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
A motivação da decisão, conforme apontou o ministro, está ligada ao descumprimento do princípio de reciprocidade por parte da Espanha. O país europeu, segundo Moraes, negou a extradição do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio ao Brasil. “A ausência deste requisito obsta o próprio seguimento do pedido”, afirmou o magistrado em sua decisão.
A repercussão foi negativa. A medida, tida como um gesto de retaliação diplomática, ocorreu em um momento delicado: a discussão no Congresso sobre uma possível anistia aos envolvidos nos atos golpistas de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023. A avaliação de especialistas é que Moraes criou um desgaste desnecessário com um país europeu por conta de um personagem considerado periférico no movimento golpista brasileiro.
A decisão também coincidiu com críticas da imprensa internacional.
A revista britânica The Economist publicou uma reportagem destacando que Alexandre de Moraes detém “poderes surpreendentemente amplos” e até “excessivos”, sem ainda considerar a recente decisão sobre a Espanha.
Além do episódio com o governo espanhol, Moraes já protagonizou embates de repercussão global, como a polêmica com Elon Musk, que atualmente atua como conselheiro direto do ex-presidente Donald Trump, e que culminou com um processo contra o ministro nos Estados Unidos.
A movimentação levanta questionamentos sobre o custo político e diplomático de decisões que colocam o Judiciário brasileiro no centro de embates internacionais.
E se o objetivo é preservar a estabilidade institucional do país, a dúvida que paira é se essa é a melhor estratégia a se adotar.