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Guerra na Ucrânia completa três anos com nova reviravolta impulsionada pela reestruturação do capitalismo dos EUA

Da Redação
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Ao completar três anos neste sábado (24), a Guerra na Ucrânia atravessa um momento crucial, impulsionado pela reestruturação do capitalismo nos Estados Unidos. A nova fase do conflito é marcada pelo afastamento da Europa das negociações de paz, pelo isolamento do governo ucraniano e pela adaptação às exigências da Rússia. Especialistas indicam que esses novos rumos da guerra refletem uma resposta de Donald Trump à crescente perda de competitividade econômica dos EUA, especialmente frente à Ásia, com destaque para a China.
José Luís Del Roio, ativista ítalo-brasileiro e especialista em Europa, acredita que o cenário econômico dos Estados Unidos está em crise, com altos níveis de dívida interna, tensões entre os estados e uma produção interna insuficiente. “O aparato norte-americano está prestes a estourar. Parece que tudo está bem, mas está tudo mal”, afirmou Del Roio. Para ele, as exigências de Trump à Ucrânia, como o controle de recursos estratégicos, estão intimamente ligadas à reestruturação do capitalismo nos EUA.
Desde o fim da 2ª Guerra Mundial, a Europa recebeu apoio financeiro dos EUA por meio da Otan. Porém, atualmente, Washington exige que a Europa arcasse com sua própria segurança. Del Roio avalia que Trump está propondo uma alternativa à situação econômica do país, que pode ter implicações para o futuro do capitalismo global. Ele acredita que a Otan e a União Europeia podem desintegrar-se em meio a esse novo contexto, deixando a Europa em uma posição vulnerável.

Especialistas em relações internacionais afirmam que a Guerra na Ucrânia simboliza o fim da ordem mundial estabelecida após a 2ª Guerra Mundial. O professor Elídio A. B. Marques, da UFRJ, lembra que, antes do início do conflito, a Europa buscava uma aproximação com a Rússia devido à necessidade do gás barato russo. No entanto, o conflito fez com que o continente, especialmente a Alemanha, se alinhasse à posição dos EUA, o que pode acelerar o fim da guerra, mas também rebaixar ainda mais a relevância da Europa nas questões globais.
No que diz respeito à Ucrânia, as exigências de Trump sobre o controle de recursos como as terras raras do país têm sido vistas como uma forma de chantagem. Para a professora Carolina Pavese, da FIA Business School, essas exigências violam os princípios da diplomacia comercial e refletem uma tentativa dos EUA de garantir o acesso a recursos essenciais para a corrida tecnológica, como o grafite, de cuja produção a Ucrânia detém 20% mundialmente.
O especialista José Luís Del Roio acredita que a relação de Trump com a Ucrânia remonta a uma dinâmica de exploração e opressão. “É uma destruição e escravidão de uma população”, disse. A nova ordem mundial que surge a partir deste cenário implica uma mudança de poder, com a necessidade de construir um novo arcabouço institucional para as relações entre os Estados nacionais, incluindo Rússia, China, EUA, Índia e África.
Por fim, a Rússia surge fortalecida com a nova conjuntura internacional. As demandas da Rússia, como a aquisição dos territórios do leste ucraniano e a não adesão de Kiev à Otan, foram atendidas. De acordo com a doutora em relações internacionais Carolina Pavese, a intervenção dos EUA no conflito tem indiretamente ajudado a Rússia a ganhar força, tanto na região quanto na política internacional, especialmente com aliados como China e Irã.

GED

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