Venda de veículos usados pode ficar totalmente digital no Brasil

Governo federal prepara mudanças para simplificar negociações entre particulares, reduzir burocracia e aumentar a segurança nas transações
Com o avanço da digitalização dos serviços públicos, uma das negociações mais comuns entre os brasileiros pode passar por mudanças significativas já nos primeiros meses do próximo ano. O governo federal trabalha para lançar, entre janeiro e fevereiro, um novo modelo para a venda de veículos usados entre pessoas físicas, com foco na redução da burocracia, na segurança jurídica e na melhoria da experiência do cidadão.
A proposta está em fase final de estruturação no âmbito do Ministério dos Transportes e pretende transformar um processo hoje considerado lento, custoso e inseguro em uma operação totalmente online. A ideia é permitir que comprador e vendedor realizem toda a transação digitalmente, sem a necessidade de deslocamento até cartórios ou unidades presenciais dos órgãos de trânsito.
O novo formato prevê que o pagamento do veículo seja feito pelo comprador, mas que o valor só seja liberado ao vendedor após a conclusão da transferência da documentação. Com isso, o governo busca eliminar um dos principais pontos de tensão do modelo atual: a insegurança de quem vende sem saber se receberá e de quem compra sem garantia de que a transferência será efetivada corretamente.
Atualmente, embora alguns Departamentos Estaduais de Trânsito já permitam etapas digitais, o processo ainda varia muito entre os estados, o que gera confusão, retrabalho e desconfiança. A proposta do governo é padronizar o procedimento em todo o país, criando um fluxo único e mais simples para a negociação de veículos usados.
A iniciativa deve utilizar soluções tecnológicas já disponíveis, como o aplicativo da Carteira Digital de Trânsito, além da integração com sistemas da Secretaria Nacional de Trânsito e outros órgãos federais e estaduais. A expectativa é que a tecnologia funcione como intermediária da transação, garantindo rastreabilidade, transparência e segurança para ambas as partes.
Outro ponto em análise é a ampliação da chamada autovistoria. Nesse modelo, o próprio cidadão seria responsável por realizar a vistoria do veículo, enviando imagens e informações por meio de plataformas digitais, prática que já é adotada por seguradoras no país. A proposta defende que, se o procedimento é considerado confiável no setor privado, também pode ser validado pelos órgãos públicos, com mecanismos de conferência e rejeição em caso de inconsistências.
As mudanças seguem a mesma linha de modernização aplicada nos últimos anos a serviços como a Carteira Nacional de Habilitação, cada vez mais digital e integrada a aplicativos oficiais. A avaliação interna do governo é de que processos mais simples reduzem custos operacionais, economizam tempo do cidadão e ampliam o acesso aos serviços públicos, especialmente para quem vive longe de grandes centros urbanos.
Além do impacto direto na rotina de quem compra ou vende veículos, a medida também é vista como um instrumento de inclusão social e eficiência econômica. Ao diminuir barreiras burocráticas e custos indiretos, o governo aposta no uso da tecnologia como ferramenta para facilitar a vida da população e tornar a relação com o Estado mais ágil e acessível.
O projeto está sendo conduzido pela gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integra um conjunto mais amplo de ações voltadas à digitalização e à modernização dos serviços públicos federais.



