A fé que protege: o valor da mulher e o papel da religiosidade no combate à violência

Em meio ao aumento de casos de agressão e feminicídio, princípios bíblicos reforçam o respeito, a dignidade e a responsabilidade que homens e comunidades devem assumir na defesa da vida feminina
A violência contra a mulher alcançou patamares que exigem reação urgente. Nas últimas semanas, casos brutais tomaram as manchetes e reacenderam o alerta sobre a necessidade de ação conjunta da sociedade.
Enquanto campanhas como os “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres” ganham repercussão, cresce também o entendimento de que a fé e os valores espirituais têm um papel fundamental na construção de ambientes seguros e no respeito às mulheres.
Entre janeiro e setembro de 2025, mais de 2,7 mil mulheres sobreviveram a atentados que tinham a intenção clara de tirar suas vidas, enquanto mais de mil foram mortas.
As histórias recentes, como a mãe e quatro crianças carbonizadas em Recife, a jovem atropelada e arrastada por mais de um quilômetro em São Paulo, e a cearense assassinada após relatar um relacionamento abusivo, mostram que a violência não é exceção: tornou-se rotina cruel.
A legislação é firme. A estrutura legal existe. Mas nenhuma lei funciona plenamente se a sociedade não se transforma. É aqui que a fé, a igreja e as convicções espirituais precisam assumir um papel ativo.
A Bíblia não compactua com violência. Nenhuma forma de agressão encontra espaço nas Escrituras. A mulher é descrita como obra de Deus, digna, honrada e merecedora de cuidado.
O livro de Gênesis estabelece que homem e mulher carregam a mesma imagem divina. A violência, portanto, fere não apenas a vítima, mas a própria essência da criação.
Provérbios 31 apresenta a mulher como símbolo de força, sabedoria e valor.
Pedro orienta:
“Maridos, tratem suas esposas com honra.”
1 Pedro 3:7
Uma comunidade religiosa madura é capaz de acolher mulheres em sofrimento, orientar famílias, denunciar abusos e romper ciclos que antes eram encobertos pelo medo e pela vergonha. Igrejas não são apenas templos. São comunidades que formam pessoas, moldam valores e podem transformar comportamentos.
Quando líderes espirituais orientam sobre respeito, dignidade, igualdade e amor, ajudam a construir lares mais saudáveis e a prevenir novos casos de violência.
Nos Evangelhos, Jesus se aproxima de mulheres como ninguém fazia em sua época. Ele devolve dignidade à mulher adúltera, valoriza a fé da mulher siro-fenícia, acolhe a que sofria com fluxo de sangue, elogia a oferta humilde da viúva, conversa abertamente com a samaritana e escolhe mulheres como primeiras testemunhas de sua ressurreição.
Essas atitudes rompem estruturas culturais e deixam um ensinamento claro: para Jesus, a mulher sempre foi digna de respeito, cuidado e honra. A violência contra a mulher não é apenas um problema urbano. É um problema moral. É um desafio espiritual. A fé que transforma vidas também transforma comportamentos.



