Lula pede avanço rápido para retirar sobretaxas dos EUA em conversa com Donald Trump
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Presidente brasileiro destacou a necessidade de eliminar tarifas remanescentes sobre produtos nacionais; líderes também discutiram combate ao crime organizado e cooperação bilateral
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone, nesta terça-feira (2), com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e afirmou que o Brasil deseja “avançar rápido” na retirada das sobretaxas impostas por Washington a produtos brasileiros. A ligação, considerada “muito produtiva” pelo Palácio do Planalto, durou 40 minutos e tratou tanto do tarifaço norte-americano quanto do reforço à cooperação contra o crime organizado internacional.
EUA já retiraram tarifas de 238 produtos, mas 22% das exportações brasileiras ainda seguem taxadas
Durante a conversa, Lula elogiou a decisão recente da Casa Branca, que no dia 20 de novembro retirou 238 itens da lista de produtos sujeitos à sobretaxa — entre eles café, frutas tropicais, sucos, cacau, especiarias, banana, tomate, laranja e carne bovina.
Mesmo assim, 22% das exportações brasileiras aos EUA continuam submetidas a alíquotas adicionais. No início da política tarifária, o percentual era de 36%.
“O Brasil deseja avançar rápido nessas negociações”, afirmou Lula, reforçando que outros produtos industriais seguem afetados e precisam de discussão urgente entre os dois países.
O que é o tarifaço de Trump
A sobretaxa imposta aos produtos brasileiros faz parte da nova política comercial dos Estados Unidos, implementada na gestão de Donald Trump. Em abril, o governo norte-americano elevou tarifas com base no déficit comercial que os EUA possuem com cada país.
Como os Estados Unidos têm superávit comercial com o Brasil, inicialmente foi aplicada a taxa mais baixa, de 10%. No entanto, em agosto, o país ampliou a sobretaxa e aplicou tarifa adicional de 40% em retaliação a medidas que, segundo Trump, prejudicariam as big techs norte-americanas e em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Parte das restrições começou a ser flexibilizada após encontros bilaterais, como a reunião entre Lula e Trump na Malásia, em outubro, somada a negociações técnicas entre as equipes dos dois países.
Setores industriais permanecem como maior preocupação
De acordo com o governo brasileiro, os setores industriais continuam sendo os mais prejudicados, principalmente os segmentos de maior valor agregado ou produtos feitos sob encomenda, que enfrentam maior dificuldade para redirecionar exportações para outros mercados.
Além das tarifas, a pauta bilateral inclui temas não tarifários, como:
- Terras raras
- Regulação de big techs
- Energia renovável
- Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata)
As tratativas continuam em andamento entre autoridades econômicas dos dois países.
Cooperação contra o crime organizado entra na pauta da ligação
Outro tema discutido no telefonema foi a necessidade de ampliar a cooperação bilateral no combate ao crime organizado internacional. Lula destacou os esforços do governo brasileiro para “asfixiar financeiramente” organizações criminosas e citou investigações que revelaram ramificações operando a partir do exterior.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também vem defendendo diálogo direto com os EUA para coibir evasão de divisas e lavagem de dinheiro, especialmente por meio de empresas registradas no estado norte-americano de Delaware — considerado um paraíso fiscal interno nos EUA.
Investigações recentes identificaram R$ 1,2 bilhão enviados ilegalmente para fundos em Delaware e retornando ao Brasil de forma ilícita.
Segundo o comunicado do Planalto, Donald Trump demonstrou “total disposição” em fortalecer ações conjuntas contra o crime organizado e apoiará iniciativas bilaterais nesse sentido.



