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Câmara diz que Ramagem apresentou atestados médicos antes de deixar o país e não comunicou viagem aos EUA

Deputado foi encontrado em condomínio de luxo em Miami enquanto segue licenciado; STF já condenou parlamentar e pode decretar prisão nas próximas semanas

A Câmara dos Deputados informou que o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) apresentou atestados médicos para justificar seu afastamento em setembro, mas não comunicou oficialmente que deixaria o Brasil. A Casa só se manifestou após a revelação de que o parlamentar está morando em um condomínio de alto padrão em Miami, nos Estados Unidos.

A informação foi confirmada pela presidência da Câmara à coluna de Guilherme Amado, do portal PlatôBR. Segundo a instituição, não houve autorização para missão internacional e tampouco foi feito qualquer pedido de afastamento que mencionasse a saída do país.

Ramagem foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão por participação no planejamento e execução do golpe de 8 de janeiro. A ordem de prisão pode ser expedida a qualquer momento, assim que o julgamento transitar em julgado.

Licença médica permitiu atuação remota

O deputado solicitou afastamento de 30 dias em 9 de setembro e prorrogou a licença em 13 de outubro por mais 60 dias. Pela modalidade escolhida, ele continua autorizado a acessar remotamente os sistemas de presença e votação da Câmara — e tem feito isso, mantendo frequência parlamentar regular mesmo estando em outro país.

Nas redes sociais, Ramagem segue postando vídeos vestido de terno e gravata, comentando pautas do Congresso como se estivesse em Brasília. Nenhuma das publicações cita sua permanência nos Estados Unidos.

A licença também permite que o parlamentar receba a cota destinada ao exercício da atividade parlamentar. Desde que deixou o Brasil, não há registro de uso dessa verba com passagens aéreas, normalmente utilizadas para deslocamentos semanais entre o estado de origem e Brasília.

Os gastos da cota caíram nos últimos meses:

  • Julho: R$ 43 mil
  • Agosto: R$ 36 mil
  • Setembro (já nos EUA): R$ 13 mil
  • Outubro: R$ 20 mil

A Câmara afirma que só teve acesso aos atestados médicos apresentados pelo deputado, sem qualquer referência a viagem internacional.

GED

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