Aeroporto de Goiânia é vendido para grupo que administra terminais no México e na América Latina
Transação de R$ 11,5 bilhões inclui toda a plataforma de aeroportos da Motiva; operação será concluída apenas após aprovação regulatória e não altera o funcionamento para passageiros
O Aeroporto Internacional Santa Genoveva, em Goiânia, passará para o controle de um novo grupo empresarial. A Motiva Aeroportos anunciou a venda de 100% de sua plataforma de 20 aeroportos, incluindo o terminal goiano, para a Aeropuerto de Cancún, S.A. de C.V., subsidiária do Grupo Aeroportuário del Sureste (ASUR), que opera nove aeroportos no México e outros sete na América Latina.
A Motiva continuará à frente da administração do aeroporto até a conclusão formal da operação e afirma que, nesse período, não haverá qualquer impacto para passageiros, companhias aéreas ou prestadores de serviço. Segundo a companhia, o objetivo é garantir a continuidade das atividades sem alterações operacionais enquanto o processo regulatório avança.
A venda engloba toda a estrutura aeroportuária controlada pela Motiva: 17 aeroportos no Brasil e três em outros países da América Latina. O negócio foi fechado por R$ 11,5 bilhões, valor que inclui R$ 5 bilhões em equity, referentes às participações acionárias nos ativos, e R$ 6,5 bilhões em dívidas associadas à CPC Holding, entidade que reúne as operações aeroportuárias.
Desde março de 2022, a Motiva afirma ter aplicado cerca de R$ 65 milhões em obras no Aeroporto de Goiânia, com foco em segurança operacional, ampliação de espaços e melhoria da experiência dos usuários. Entre os investimentos, estão a entrega do primeiro Terminal de Cargas totalmente refrigerado do País, espaço estratégico para o transporte de produtos sensíveis, como perecíveis e medicamentos.
O desempenho do terminal também tem sido positivo. No primeiro semestre de 2025, o aeroporto movimentou mais de 1,8 milhão de passageiros, crescimento de aproximadamente 13% em comparação ao mesmo período de 2024. Foram registrados 27,5 mil pousos e decolagens, um volume que acompanha a ampliação da oferta de voos e destinos, impulsionada pela localização estratégica de Goiânia e pelo avanço do turismo e dos negócios no Estado.
Para acomodar a demanda crescente, a Motiva concluiu recentemente obras de ampliação da sala de embarque remota e promoveu um aumento superior a 40% na oferta de lojas e serviços disponíveis ao público. A concessionária avalia que o cenário confirma o potencial de expansão do aeroporto e reforça a necessidade de investimentos contínuos na infraestrutura local.
Os 20 aeroportos sob controle da Motiva registram, juntos, 47 milhões de passageiros por ano e mais de 200 rotas regulares. Nos 12 meses encerrados no terceiro trimestre de 2025, as operações aeroportuárias geraram R$ 2,565 bilhões em receita líquida e R$ 1,301 bilhão de EBITDA, com margem de 51%, além de 524 mil toneladas de cargas movimentadas.
Segundo a empresa, a decisão de vender a plataforma aeroportuária integra a estratégia de simplificação do portfólio prevista no plano estratégico Ambição 2035. A Motiva explica que, ao transferir os ativos, concentrará recursos em segmentos considerados prioritários, como rodovias e ferrovias, liberando capital para novos projetos. O CEO da companhia, Miguel Setas, afirmou que a transação “destrava valor, torna o modelo de negócios mais enxuto e fortalece áreas essenciais para o crescimento sustentável”.
A expectativa é que a venda seja finalizada em 2026, após análise e aprovação pelos órgãos reguladores brasileiros. Até lá, o Aeroporto de Goiânia seguirá operando normalmente sob gestão da Motiva, com manutenção dos contratos vigentes e do quadro de colaboradores.



