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Furacão Melissa atinge categoria 5, causa destruição no Caribe e pode alterar o clima no Brasil

furacão Melissa alcançou nesta terça-feira (28/10) a categoria 5, o nível máximo da escala Saffir-Simpson, com ventos de quase 300 km/h e pressão atmosférica de 892 hPa — um dos índices mais baixos já registrados no Atlântico Norte. O fenômeno, descrito por meteorologistas como “a tempestade do século”, já provocou mortes, evacuações e destruição generalizada na Jamaica, e segue em direção a Cuba e à República Dominicana.

De acordo com o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC), o olho do Melissa estava, às 15h (UTC) de segunda-feira (12h em Brasília), a apenas 60 quilômetros da Jamaica e 380 quilômetros de Cuba. O sistema carrega consigo chuvas catastróficasondas de até 6 metros e ventos sustentados de 295 km/h, podendo deixar um rastro de destruição semelhante ao causado pelos furacões Irma (2017) e Dorian (2019).

Estado de emergência e evacuações em massa

governo da Jamaica decretou estado de emergência nacional, fechou portos, aeroportos e escolas e iniciou a evacuação de áreas costeiras. Abrigos públicos foram montados para atender famílias desalojadas.

“Não se pode apostar contra o Melissa”, declarou o ministro do Governo Local, Desmond McKenzie, ao destacar que o país enfrenta “um evento climático sem precedentes”.

Autoridades locais já confirmaram três mortes e centenas de desabrigados, mas a Cruz Vermelha Internacional alerta que o número deve subir nas próximas horas.

Chuvas recordes e destruição no Caribe

Segundo o NHC, a Jamaica pode registrar entre 500 e 750 milímetros de chuva em apenas 48 horas — volume semelhante ao que provocou o desastre de São Sebastião (SP) em 2023, quando 680 mm caíram em um único dia. A combinação de enchentes, deslizamentos e ventos extremos ameaça comunidades inteiras, especialmente nas zonas montanhosas.

Em CubaHaiti e República Dominicana, os governos já iniciaram protocolos de emergência, temendo o impacto de um dos sistemas tropicais mais violentos das últimas décadas.

Efeitos no clima da América do Sul

Embora os efeitos diretos do Melissa se concentrem no Caribe, meteorologistas da Climatempo alertam que o furacão poderá influenciar o regime de chuvas e ventos no Norte do Brasil nas próximas semanas.

O fenômeno interage com o La Niña, ativo no Pacífico, e com o aquecimento anômalo do Atlântico Tropical, fortalecendo a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) — faixa de nuvens que regula as chuvas na Amazônia, Amapá, Roraima e Pará.

“Enquanto o Caribe enfrenta a força direta do furacão, o norte da América do Sul deve lidar com reflexos indiretos, como tempestades mais intensas, aumento da umidade e ressacas no litoral do Amapá e Pará”, informou a equipe meteorológica da Climatempo.

Os efeitos colaterais podem incluir elevação do nível do marventos de até 70 km/h no litoral norte e chuvas acima da média em estados amazônicos durante o início de novembro.

Monitoramento e impacto econômico

O sistema avança sobre águas excepcionalmente quentes do Atlântico, o que pode manter sua força por mais tempo. Satélites de alta resolução do NHC e da Climatempo seguem monitorando o furacão em tempo real.

A instabilidade climática preocupa setores econômicos sensíveis, como energia, transporte marítimo e agricultura. Chuvas intensas podem atrasar o escoamento da safra de grãos na região Norte e afetar a produção de frutas e hortaliças.

Especialistas recomendam atenção redobrada para produtores rurais:

  • Verificar estruturas de armazenamento e drenagem de propriedades;
  • Evitar transporte de carga por rodovias próximas a rios;
  • Ajustar cronogramas de colheita e irrigação conforme os boletins meteorológicos.

Um alerta global

furacão Melissa se torna símbolo da nova era de extremos climáticos provocados pelo aquecimento global. A elevação das temperaturas do mar alimenta tempestades cada vez mais violentas, que desafiam a capacidade de resposta das nações do Caribe e da América do Sul.

Organizações ambientais alertam que o Atlântico tropical nunca esteve tão quente em outubro, criando condições ideais para a formação de sistemas intensos como o Melissa.

GED

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