A nova fronteira das apostas: mercado de previsões movimenta bilhões e desafia o modelo das bets
O universo das apostas esportivas parece estar prestes a dividir espaço com uma nova tendência que já conquista investidores e curiosos em todo o mundo. Chamado de Prediction Market — ou mercado de previsões —, o modelo está transformando o ato de apostar em uma experiência próxima ao investimento financeiro, movimentando bilhões de dólares e despertando o interesse até das gigantes do setor de apostas.
Nos Estados Unidos, a prática ganhou força nas plataformas Kalshi e Polymarket, que permitem prever resultados de praticamente qualquer evento. Diferente das tradicionais apostas em jogos de futebol, o foco agora é “apostar” no futuro de decisões políticas, econômicas ou culturais. Em vez de torcer, o usuário calcula probabilidades.
O mercado funciona como uma bolsa de valores: se um contrato paga US$ 1 caso um evento se concretize e, no momento, vale US$ 0,70, isso significa que o mercado acredita que há 70% de chance de aquilo acontecer.
O avanço é tão expressivo que, apenas em outubro, as previsões movimentaram o equivalente a R$ 10 bilhões — superando em um único mês o total registrado pelas apostas esportivas no Brasil em seis meses.
Para se ter uma ideia da proporção, enquanto as bets tradicionais geram cerca de US$ 17 bilhões por ano, os mercados de previsão movimentam mais de US$ 2 bilhões por semana.
O sucesso forçou até os gigantes das apostas a reagirem. A DraftKings, uma das maiores empresas do setor, adquiriu recentemente a startup RailBird, especializada em previsões, depois de ter declarado publicamente que “apostadores jamais trocariam palpites por previsões”. O movimento provocou alta imediata nas ações da empresa, que subiram 6% após o anúncio.
Mais do que um passatempo, o novo modelo mistura investimento, rede social e inteligência coletiva. Cada previsão é ajustada em tempo real, à medida que novas informações surgem, transformando esses mercados em um verdadeiro termômetro do que as pessoas acreditam que vai acontecer.
Em um mundo cada vez mais impulsionado por dados e tendências, os prediction markets parecem apontar para uma nova fronteira entre economia, tecnologia e comportamento humano — onde prever o futuro deixou de ser apenas um palpite e passou a ser, literalmente, um investimento.
