Venezuela deve mais de R$ 10 bilhões ao Brasil e ignora cobranças diplomáticas

Da Redação
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O governo de Nicolás Maduro, na Venezuela, acumula uma dívida de mais de US$ 1,7 bilhão (cerca de R$ 10 bilhões) com o Brasil e tem ignorado sistematicamente as cobranças feitas por vias diplomáticas e técnicas. O dado foi revelado em documento oficial enviado ao Congresso Nacional pela Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, em resposta a um requerimento do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
A inadimplência venezuelana afeta diretamente o Tesouro Nacional, que já precisou arcar com parcelas não pagas por Caracas por meio do Fundo de Garantia à Exportação (FGE). Só em junho deste ano, estão previstos novos desembolsos de até US$ 16 milhões (R$ 90 milhões) para cobrir o calote. Na prática, é o contribuinte brasileiro quem paga a conta.
Origens da dívida: obras financiadas com aval do BNDES
A dívida se originou durante os anos de alinhamento entre os governos de Lula e Hugo Chávez, num período marcado por discursos de integração sul-americana. Por meio do BNDES, o Brasil financiou grandes obras de infraestrutura na Venezuela, como a expansão do metrô de Caracas e a construção da Siderúrgica Nacional.
O modelo era simples: o banco brasileiro financiava, empreiteiras nacionais executavam e o país estrangeiro pagava depois. Quando isso não acontece, como foi o caso da Venezuela desde 2016, entra em cena o FGE — um seguro bancado com recursos do Orçamento da União, que cobre os prejuízos dos bancos financiadores.
Desde então, cada parcela não paga pelos venezuelanos se transforma em uma fatura enviada diretamente ao Tesouro Nacional — e, consequentemente, aos brasileiros.
Silêncio diplomático e impasse nas negociações
Em 2023, com a volta de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência, houve um breve momento de reaproximação entre os dois países. Maduro chegou a visitar Brasília, e os canais diplomáticos foram reabertos. Contudo, os avanços pararam por aí. As tentativas de retomar os pagamentos foram ignoradas, e o diálogo voltou ao silêncio absoluto.
A situação piorou quando o Itamaraty vetou a entrada da Venezuela no BRICS, esfriando ainda mais a relação. Embora o Brasil tenha notificado oficialmente a inadimplência venezuelana ao Clube de Paris — grupo que reúne os principais credores internacionais —, Caracas segue isolada, mergulhada em uma crise econômica profunda, hiperinflação e sem acesso ao sistema financeiro global.
Impacto social e econômico no Brasil
A falta de pagamento por parte da Venezuela tem consequências diretas para o Brasil. Segundo cálculos técnicos, o valor total da dívida seria suficiente para bancar programas sociais como o Vale-Gás ou o Farmácia Popular por vários anos.
Em vez disso, o dinheiro está sendo utilizado para cobrir rombos provocados por um calote externo, resultado de decisões políticas passadas que agora recaem sobre o contribuinte.