ESPORTE

Venda de Cerveja nos Estádios da Copa de 2034: Fifa Enfrenta Novos Desafios na Arábia Saudita

Em 2022, comercialização de bebidas nos arredores dos estádios foi proibida de última hora

Em 18 de dezembro de 2022, a Fifa causou surpresa ao anunciar que não permitiria a venda de cerveja dentro dos estádios da Copa do Mundo no Qatar, apenas dois dias antes da final do torneio. A decisão afetou negativamente a Budweiser, uma das principais patrocinadoras da competição, que pagou US$ 75 milhões (R$ 405 milhões, na cotação da época) para comercializar seus produtos com álcool nas arenas. O veto à bebida alcoólica, que estava programado para três horas antes e uma hora após cada jogo, decepcionou muitos turistas e levantou questões sobre a relação entre a Fifa e os países anfitriões.

Com a escolha da Arábia Saudita para sediar a Copa do Mundo de 2034, a Fifa enfrentará novamente dilemas semelhantes. O país, que é governado por leis islâmicas rigorosas, proíbe o consumo de álcool. Embora tenha havido uma rara exceção em 2024, com a autorização para a venda restrita de álcool a diplomatas, não há previsão de mudanças para a Copa do Mundo. De acordo com o jornal inglês The Guardian, a venda de bebidas alcoólicas nos estádios e arredores do evento será proibida, alinhando-se com as políticas do país.

O cenário atual pode mudar dependendo do fim do contrato da Fifa com a AB InBev em 2026, quando a empresa buscará mais clareza sobre a situação antes de discutir uma renovação. Entretanto, declarações recentes de autoridades sauditas indicam que o país não cederá a pressões externas. O príncipe Abdulaziz bin Turki Al-Faisal, ministro dos esportes, afirmou que seria uma forma de islamofobia obrigar o país a alterar suas leis, acrescentando que os visitantes devem respeitar as regras locais.

A Arábia Saudita tem investido pesadamente em eventos esportivos nos últimos anos, como corridas de Fórmula 1 e lutas de boxe, onde o consumo de álcool também é proibido. No entanto, essas ações são vistas por críticos como uma forma de “sportswashing”, ou seja, uma tentativa de melhorar a imagem internacional do país, frequentemente associada a violações de direitos humanos.

Mesmo com o projeto Vision 2030, que visa transformar a economia saudita e abrir o país ao mundo, especialistas como a antropóloga Francirosy Campos Barbosa acreditam que a Arábia Saudita continuará mantendo suas restrições ao álcool, devido aos valores islâmicos e sociais envolvidos. Ela sugere, no entanto, que podem ser criados “bolsões ocidentalizados” para acomodar algumas exceções.

A Fifa, por sua vez, já enfrentou pressões de governos anfitriões antes. Em 2014, durante a Copa do Mundo no Brasil, a entidade teve de contornar leis locais para permitir a venda de álcool nos estádios. A experiência com o Qatar em 2022, porém, sugere que a Fifa pode ser forçada a ceder novamente à realidade cultural e legal do país anfitrião em 2034.

GED

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