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União Brasil afasta Celso Sabino do partido e abre processo de expulsão

Por Ana Lucia
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Ministro do Turismo resiste e afirma que seguirá no governo Lula, enquanto relator do caso admite evitar expulsão sumária até a COP30

O processo de expulsão iniciado contra o ministro do Turismo, Celso Sabino, pelo União Brasil gerou uma onda de reações regionais e nacionais nesta quarta-feira (8/10). Lideranças do partido, especialmente em estados como Pará e Goiás, pressionam por punição exemplar, enquanto Sabino tenta assegurar apoio da bancada e do Planalto para se manter no governo. Ao longo do dia, surgem articulações sobre intervenção no diretório estadual do Pará e questionamentos sobre o equilíbrio entre disciplina partidária e ambições eleitorais.

A ofensiva partidária e o cerco sobre Sabino

A Executiva Nacional do União Brasil aprovou o afastamento imediato de Sabino de suas funções partidárias — inclusive do comando estadual no Pará — e formalizou o início do processo disciplinar que poderá resultar em expulsão.
O ministro foi enquadrado por “infidelidade partidária”, por manter-se à frente do ministério apesar da decisão do partido de romper com o governo Lula e exigir que seus filiados no Executivo deixassem os cargos.
O relator, deputado Fábio Shiochet, confirmou que, após reunião da Executiva Nacional, Sabino perdeu o comando do diretório paraense e que o processo seguirá com prazo para defesa, evitando punição sumária.

Em paralelo, o União Brasil avaliará intervenção direta no diretório do Pará, que estava sob liderança de Sabino — medida que reforça o caráter simbólico do enfrentamento.

Resistência e discurso de Sabino

Celso Sabino reafirmou nesta manhã que não deixará o governo e que tem apoio de “boa parte da bancada” da sigla. Ele afirmou que sua permanência é crucial para o avanço de projetos no setor de Turismo e para a COP30, que será sediada em Belém (PA).
Ao chegar para a reunião da Executiva, ressaltou:

“Não vejo como oportuno … que a gente tenha uma interrupção neste momento no trabalho […] especialmente pelo bem do povo do Pará e pela realização da COP30.

Ele também disse ter recebido do presidente Lula o pedido para permanecer no cargo além da carta de demissão que havia apresentado, com vistas a dar sequência a obras e entregas no Pará.

Pressões regionais: Pará, Goiás e articulações eleitorais

No Pará, o caso causa divisão interna. Alguns segmentos defendem que Sabino seja tratado como intruso, enquanto outros consideram sua permanência estratégica para a visibilidade da COP30. Ainda não se confirmou publicamente quem poderá assumir o diretório estadual após eventual intervenção, mas a disputa já mobiliza alas partidárias locais.

Em Goiás

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) criticou duramente a postura do ministro. Caiado questionou como Sabino poderia permanecer no governo enquanto o partido se posiciona na oposição, afirmando que essa atitude revela descompasso entre “projetos pessoais e regras partidárias”.

A sigla também pressionou Sabino pela desfiliação no prazo estipulado: o não cumprimento gerou reações internas severas, sobretudo de lideranças que defendem a coerência partidária como elemento central para eleições de 2026.

Há ainda uma leitura estratégica: a permanência de Sabino no ministério e seu protagonismo na COP30 podem render-lhe visibilidade eleitoral, fortalecendo seu nome como pré-candidato ao Senado pelo Pará.

O panorama da crise no centrão e repercussão nacional

O embate entre Sabino e o União Brasil não está isolado: ele ocorre no contexto de um movimento mais amplo de desembarque do partido do governo Lula. Ao mesmo tempo, o Progressistas (PP) aplicou medidas semelhantes ao ministro André Fufuca, o que evidencia um padrão de reação do centrão a ministros que insistem em manter cargos no Executivo.
A crise expõe o dilema entre disciplina partidária e autonomia individual — especialmente quando há interesses eleitorais e projetos pessoais envolvidos. Partidos adotam condutas mais duras para preservar coesão e imagem institucional.

Do ponto de vista governista, a situação representa um teste de resistência política: como lidar com aliados “rebelados” sem provocar um colapso na base de sustentação? É improvável que o governo se envolva diretamente no processo interno, mas o controle simbólico do debate político pode impactar alianças futuras.

GED

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