Trabalhadores de autoescolas fazem caminhada e carreata em Goiânia contra proposta do governo federal

Manifestação reuniu mais de mil pessoas e defende manutenção da obrigatoriedade das autoescolas para emissão da CNH
Goiânia amanheceu nesta quinta-feira (23) tomada por instrutores, diretores e profissionais de centros de formação de condutores que decidiram sair às ruas em defesa da categoria. A caminhada, seguida de uma carreata, foi organizada pela Associação das Autoescolas de Goiás (Assaego) e aconteceu entre 9h e 13h, reunindo manifestantes que se posicionam contra a proposta do governo federal de acabar com a obrigatoriedade de frequentar autoescolas para obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Para o presidente da Assaego, Francisco Oliveira Zica, a medida é “populista” e representa uma tentativa de “fazer política em cima dos mais necessitados”. Segundo ele, em Goiás o setor emprega cerca de 20 mil profissionais, distribuídos em quase mil autoescolas. Em todo o país, são 300 mil instrutores e aproximadamente 15 mil unidades.
“O ato foi um sucesso. Conseguimos reunir mais de mil pessoas. Chegamos a ocupar dez quarteirões”, afirmou Zica, destacando que os veículos permaneceram concentrados na região do Detran Goiás, no Setor Cidade Jardim, para não prejudicar o trânsito.
A mobilização também contou com o apoio de parlamentares. De acordo com o presidente, a Assaego já iniciou articulações junto à Câmara dos Deputados para barrar a proposta e levar o assunto diretamente ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). “Somos contra o fim da obrigatoriedade. Nosso trabalho é amparado pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e essencial para a segurança no trânsito”, ressaltou.
Entenda a proposta
No início de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu aval à proposta que prevê o fim da exigência de aulas em autoescolas para tirar a CNH. O anúncio foi feito pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, que defende a medida como uma forma de reduzir o custo do documento e ampliar o acesso à habilitação.
Segundo o ministro, “a obrigatoriedade criou um sistema excludente e as pessoas acabam dirigindo sem carteira, o que é o pior dos mundos”. Após a sinalização do presidente, o Ministério dos Transportes abriu consulta pública de 30 dias, iniciada em 2 de outubro, para ouvir a sociedade sobre o tema.
Enquanto o debate avança em Brasília, as ruas de Goiânia se tornaram o palco da resistência de quem vê na formação técnica um pilar fundamental para a segurança no trânsito e para a valorização profissional de milhares de trabalhadores.