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Surto de intoxicação por metanol em SP: investigação aponta falsificação de bebidas e cinco mortes confirmadas

Cinco óbitos, dezenas de internações e suspeita de envolvimento do crime organizado colocam autoridades em alerta

A crise de saúde pública provocada pela adulteração de bebidas alcoólicas com metanol em São Paulo ganhou novos desdobramentos nos últimos dias. A Secretaria Estadual de Saúde confirmou cinco mortes relacionadas ao consumo de bebidas contaminadas, além de 25 casos de intoxicação registrados até esta quarta-feira (1º). Destes, sete já foram confirmados e outros 18 permanecem sob investigação.

As ocorrências envolvem marcas conhecidas de gin, vodca e uísque, que teriam sido falsificadas e distribuídas em bares, adegas e festas da Grande São Paulo. Mais de 50 mil garrafas foram apreendidas em ações policiais. A Polícia Federal agora investiga se há ligação entre os fornecedores de metanol e facções criminosas que já atuavam em esquemas de adulteração de combustíveis, incluindo indícios de participação do PCC.


O que é o metanol e por que é tão perigoso

Diferente do etanol, presente em bebidas alcoólicas comuns, o metanol é um álcool usado em combustíveis, solventes e plásticos. Sua ingestão é altamente tóxica e pode provocar cegueira, insuficiência renal, falência múltipla dos órgãos e morte.

Segundo especialistas, o fígado transforma o metanol em substâncias ainda mais perigosas, que atacam medula, cérebro e nervo óptico. Em casos mais graves, os sintomas evoluem para coma e parada cardiorrespiratória.


Histórias das vítimas

O drama humano por trás das estatísticas se revela em casos como o de Rafael Anjos Martins, 28 anos, internado em coma desde 1º de setembro após beber gin comprado em uma adega da Zona Sul. Amigos que consumiram a mesma bebida relataram alterações na visão e falta de ar.

Outro caso é o de Radharani Domingos, designer de interiores de 43 anos, que perdeu a visão após tomar caipirinhas com vodca em um bar nos Jardins. “Não estou enxergando nada. Causou um estrago bem grande”, disse em entrevista ao Fantástico.

Em São Bernardo do Campo, Bruna Araújo de Souza, 30 anos, permanece internada em estado grave após beber vodca durante um show de pagode. Já Wesley Pereira, 31, sofreu um AVC e complicações renais depois de consumir uísque adulterado em uma festa.

O advogado Marcelo Lombardi, 45 anos, é uma das vítimas fatais confirmadas. Morador do Sacomã, ele morreu após ingerir vodca contaminada em casa.


Ação das autoridades

Diante da gravidade do surto, o Ministério da Saúde publicou um protocolo emergencial para que hospitais e UPAs notifiquem imediatamente casos suspeitos de intoxicação por metanol.

Polícia Civil de São Paulo também intensificou a fiscalização em bares e distribuidoras, enquanto a Vigilância Sanitária alerta consumidores a desconfiar de preços muito baixos e a adquirir bebidas apenas em estabelecimentos de confiança.

“Esse é um risco invisível: a garrafa pode parecer legítima, mas dentro dela pode haver veneno”, disse um investigador.

GED

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