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Servidores públicos avaliam 100 dias de Sandro Mabel com críticas a promessas não cumpridas e falta de diálogo

Representantes de sindicatos ligados à saúde, educação e fiscalização municipal apontam entraves na gestão, dificuldades operacionais e alegam desvalorização do servidor. Prefeitura tem espaço aberto para manifestação

Após completar 100 dias à frente da Prefeitura de Goiânia, o prefeito Sandro Mabel (UB) enfrenta críticas de representantes de importantes categorias do funcionalismo público municipal.
Em entrevistas concedidas ao longo da última semana, lideranças sindicais relataram frustrações com o andamento da gestão e apontaram falhas estruturais, administrativas e na condução do diálogo com os servidores.
A reportagem ouviu lideranças do Sindicato dos Funcionários da Fiscalização Municipal (Sindiffisc), Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) e Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SindSaúde).
O Sindicato dos Trabalhadores do Município de Goiânia (SindiGoiânia) foi procurado, mas não respondeu até o fechamento desta edição.

Fiscalização sem comando técnico e alvarás atrasados

Segundo Tatiane Karoline Guimarães, presidente do Sindiffisc, apesar de avanços pontuais na Secretaria Municipal de Eficiência, há entraves sérios na estrutura da Vigilância Sanitária, vinculada à Secretaria Municipal de Saúde.

“A fiscalização está paralisada por falta de nomeações técnicas e gerenciais. Sem as nomeações necessárias, os alvarás que deveriam ter sido renovados até 31 de março continuam pendentes, prejudicando farmácias, distribuidoras e outros setores que dependem do documento”, afirmou.

Educação ainda aguarda ações concretas

A presidente do Sintego e deputada estadual Bia de Lima (PT) avaliou que os 100 primeiros dias foram marcados por promessas não cumpridas.
“Não tivemos implementação do piso salarial dos professores, nem reajustes no plano de carreira dos administrativos. Há indefinições sobre a reestruturação das escolas e Cmeis, e ainda faltam convocações de concursados, mesmo com déficit de profissionais”, criticou.
Ela relata ter participado de duas reuniões com o prefeito e a secretária de Educação, Giselle Faria, mas sem avanços.

A sensação é de que ainda estamos em campanha. Faltam medidas práticas, e o tempo vai passando sem respostas”, disse.

Saúde: falta de estrutura e nomeações emperram avanço

Na área da saúde, a presidente do SindSaúde, Néia Vieira, destacou a ausência de medidas claras e eficazes.

Esperávamos mais decisões concretas. Ainda faltam nomeações para chefias de unidades, reestruturação dos distritos sanitários e pediatras em todas as unidades, como havia sido prometido”, avaliou.

Néia aponta que, em alguns locais, clínicos gerais têm sido escalados para atender crianças sem estrutura adequada.

“Faltam desde materiais básicos até macas apropriadas. Isso compromete a qualidade do atendimento”, pontuou.

Ela também expressou preocupação com o que classificou como “precarização dos vínculos de trabalho” e cobrou maior participação da Secretaria de Saúde nos espaços de controle social.

Temos conferências acontecendo sem a presença da gestão. A saúde do trabalhador está sendo negligenciada.”

Servidores desmoralizados e alvos de críticas

As três lideranças sindicais também relataram desconforto com declarações públicas do prefeito sobre o funcionalismo.
Tatiane Guimarães citou que contribuintes têm desqualificado servidores com base em falas da gestão.

É um constrangimento diário. O servidor virou o vilão da administração, quando na verdade está sem condições de trabalho”, lamentou.

Bia de Lima compartilha percepção semelhante:

Falei diretamente para o prefeito parar de culpar o servidor por tudo. Isso enfraquece a relação com quem carrega a máquina pública nas costas”, disse.

Néia Vieira completou:

Esperávamos uma gestão mais democrática e com escuta. Ainda temos esperança de mudanças, mas é preciso abrir o diálogo e qualificar a gestão com critérios técnicos.”

Esta matéria tem como objetivo apresentar de forma transparente e equilibrada as avaliações de representantes sindicais sobre os 100 primeiros dias da atual gestão municipal.
O conteúdo reflete as opiniões dos entrevistados e não representa posicionamento institucional deste veículo. Prezamos pelo compromisso com a informação responsável e o espaço segue permanentemente aberto para a Prefeitura e demais envolvidos apresentarem suas considerações.

GED

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