
Por Ana Lucia
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A CPI do Crime Organizado foi oficialmente instalada no Senado Federal nesta terça-feira (4/11), marcando o início de uma nova frente de investigação sobre facções criminosas e corrupção. O senador Fabiano Contarato (PT-ES) foi eleito presidente da comissão, enquanto Alessandro Vieira (MDB-SE), autor do requerimento de criação, assumiu a relatoria.
A vitória do governo Lula ocorreu após mudanças estratégicas na composição da CPI, que garantiram maioria à base aliada. O movimento visou evitar nova derrota como a ocorrida na CPI do INSS, em agosto. O placar final foi de 6 votos a 5, após disputa com o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), indicado pela oposição.
Em seu discurso, Contarato afirmou que a comissão atuará “com independência, transparência e coragem”, e que o objetivo é “chegar ao topo da cadeia criminosa”, responsabilizando também “líderes e financiadores”.
A oposição, liderada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), criticou a escolha, afirmando que colocar um petista no comando “politiza uma investigação que pode atingir o próprio governo”. Já o senador Eduardo Girão (Novo-CE) classificou a articulação como “toma de assalto” da CPI pela base governista.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), rebateu as críticas, afirmando que a formação “segue o regimento e representa a maioria do plenário”. Ele ainda sugeriu Mourão como vice-presidente, proposta que o militar recusou.
Apesar da tensão política, parte da oposição reconheceu o perfil técnico de Contarato, conhecido por posições independentes. A CPI investigará a atuação de facções, lavagem de dinheiro, tráfico de armas e a infiltração do crime organizado em estruturas do Estado.
A expectativa é que os primeiros depoimentos ocorram ainda neste mês, com foco em desvendar relações financeiras e políticas que sustentam o poder do crime organizado no país.



