Roberto Naves ataca Daniel Vilela para tentar enquadrar MDB em Anápolis

Insatisfeito com a postura independente do MDB de Anápolis, comandado pelo empresário Márcio Corrêa, o prefeito Roberto Naves (PP) adotou a estratégia de atacar a presença de Daniel Vilela na vice de Ronaldo Caiado (DEM) para tentar forçar o apoio político do partido à sua administração. À coluna Giro, do Popular, Naves disse que o presidente do MDB “trouxe mais problemas do que solução” para a base e insinuou que a aliança de Daniel com Caiado se dava por oportunismo.

É uma postura bem diferente da adotada por ele até poucas semanas atrás, quando Roberto pediu ajuda para Daniel costurar a reconciliação do seu partido com o governador Ronaldo Caiado, já que o rompimento não interessava ao prefeito, que queria aprofundar parcerias com o governo. Roberto elogiou Daniel para diversos interlocutores, falando, inclusive, que a aliança do emedebista com Caiado fortalecia muito a base governista.

O incômodo de Roberto com o MDB de Anápolis começou a crescer no início do mês, quando o partido realizou um encontro regional na cidade para mais de 1,2 mil pessoas, com a presença do governador. Foi uma demonstração de força de Márcio Corrêa, que disputou a prefeitura em 2018 e ficou em terceiro lugar. Na ocasião, Márcio fez um discurso falando em superar divergências locais para fortalecer um projeto maior (a reeleição de Caiado), numa sinalização de que não atuaria como oposição à administração municipal, como de fato não vinha mais fazendo.

Roberto, contudo, quer avançar para um alinhamento político total e com consequências eleitorais para 2022. Ele pressiona Márcio, que deve ser candidato a deputado federal, a dobrar na cidade com sua esposa, Vivian, que vai concorrer a uma cadeira na Assembleia Legislativa. Mas Márcio tem evitado fechar qualquer parceria até que o cenário das candidaturas proporcionais fique mais claro.

Mas a gota d’água para o ataque de Roberto a Daniel foi a votação ontem do pacote polêmico de projetos da prefeitura na Câmara Municipal, que incluía reajuste de 22% do IPTU em meio à crise econômica, criação de quase 500 novos cargos comissionados, além de mudança na carga horária de servidores da área da saúde e de um projeto da própria Câmara para antecipar em um ano a eleição da Mesa Diretora (este último não foi aprovado, ao contrário dos demais). Alguns vereadores ligados a Márcio se posicionaram contra as matérias, que já rendem um desgaste natural para a gestão municipal, e o prefeito se irritou, resolvendo mandar um recado público para Daniel Vilela.