Nacional

Presidente da CPI da Covid-19 dá voz de prisão a ex-diretor do Ministério da Saúde

Ex-diretor teria mentido durante seu depoimento

Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, recebeu voz de prisão do presidente da CPI da Covid-19, o senador Omar Aziz (PSD-AM). O fato ocorreu em depoimento de Dias à CPI, nesta quarta-feira (7).

“O senhor está detido pela presidência”, afirmou o presidente da CPI no momento da prisão.

Ainda durante o depoimento, o presidente Aziz pediu que fosse reproduzido áudios que, segundo ele, confirmavam a participação de Dias na compra de vacinas sob suspeita de corrupção. A CPI teve acesso aos áudio após publicação no sute da CNN Brasil e, segundo a emissora, contestam a versão de que o encontro entre Dias e o policial Luiz Paulo Dominghetti foi acidental.

Houve senador da oposição ao governo federal que pediram algo mais flexível para Dias, como uma acareação para concluir quem está mentindo. Esse foi o entendimento de do senador Otto Alencar (PSD-BA) e Simone Tebet (MDB-MS).

Já o senador da base de Jair Bolsonaro, o parlamentar Marcos Rogério (DEM-RO) disse que o pedido de prisão é ilegal e que a sessão já deveria estar suspensa devido à abertura da Ordem do Dia no plenário do Senado.

“Decisão ilegal não se cumpre”, disse Rogério.

A despeito de vários pedidos de outros senadores, Omar Aziz manteve sua decisão e confirmou a prisão e encerou a sessão.

“Tenho sido desrespeitado aqui na presidência da CPI ouvindo historinhas. Não aceito que a CPI vire chacota. Ele está sendo preso por mentir, por perjúrio, e se eu estiver cometendo abuso de autoridade, que a advogada dele ou qualquer outro senador me processe”, concluiu o presidente.

Logo após deixar o Senado, o presidente da CPI publicou em uma rede social que a decisão de prender alguém não é fácil, mas que não vai aceitar que a comissão “vire chacota”. O parlamentar afirmou ainda que pode repetir a medida, caso outro depoente venha a mentir novamente à CPI.

“E quem vier depor achando que pode brincar, terá o mesmo destino”, escreveu o parlamentar.

Entenda as versões de Dominghetti e Dias

À CPI, durante a oitiva, o ex-servidor da Saúde negou ter marcado um jantar no restaurante Vasto, em Brasília, com o coronel Marcelo Blanco e o revendedor de vacinas Luiz Paulo Dominghetti.

Segundo ele, o encontro no restaurante era apenas com José Ricardo Santana, apontado por Dias como “um amigo”. Ainda de acordo com o ex-funcionário da Saúde, o pedido de propina relatado por Dominghetti nunca aconteceu.

“O encontro foi marcado entre mim e meu amigo, marcado por telefone. Não combinei encontro com outras pessoas além dessa. Muito provavelmente o coronel Blanco soube por alguma mensagem ou ligação. Eu estava na mesa quando coronel Blanco chega e me apresenta Dominghetti, falamos sobre futebol, e ele então introduziu o assunto de vacina e, posteriormente,  eu pedi a agenda formal no Ministério”, disse Roberto Dias.

Mas, segundo áudios obtidos pela âncora da CNN Daniela Lima, o encontro com Luiz Paulo Dominghetti, vendedor de vacinas da Davati Medical Suply, não teria sido acidental.

No dia 23 de fevereiro, dois dias antes do susposto pedido de propina, Dominghetti envia um áudio a um interlocutor, Rafael, às 16h22. “Rafael, tudo bem? A compra vai acontecer, tá? Estamos na fase burocrática. Em off, pra você saber, quem vai assinar é o Dias mesmo, tá? Caiu no colo do Dias… e a gente já se falou, né? E quinta-feira a gente tem uma reunião para finalizar com o Ministério”, diz Dominghetti.

O dia do áudio, 23, é uma terça-feira. Quinta-feira, quando Dominghetti cita já ter uma reunião marcada para  “finalizar com o Ministério” é exatamente o dia 25, quando houve o jantar em um bar em Brasília no qual Dias teria pedido propina.

GED

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo