Política

Por que mais médicos brasileiros tiveram vistos cancelados nos EUA

Revogação atinge profissionais ligados ao programa Mais Médicos e levanta debates sobre política e saúde

No celular, enquanto revisava os relatórios de atendimento, Mozart Sales recebeu a notícia: seu visto americano havia sido cancelado. Situação semelhante atingiu Alberto Kleiman, ambos ligados ao programa Mais Médicos. A decisão, anunciada pelo governo dos Estados Unidos, gerou surpresa e preocupação entre profissionais de saúde e especialistas em relações internacionais.

O programa, criado em 2013, trouxe médicos cubanos para atuar em áreas carentes do Brasil. Mais de 18 mil profissionais já passaram pelo Mais Médicos, garantindo atendimento a milhões de pacientes em cidades com escassez de médicos. Parte dos salários, retida pelo governo cubano, acabou sendo o foco das críticas americanas, que classificaram a prática como exploração laboral.

A revogação dos vistos ocorre em meio a um contexto político tenso. Washington vem pressionando o Brasil em diferentes frentes, desde tarifas sobre produtos brasileiros até sanções a autoridades brasileiras. Especialistas dizem que, neste caso, saúde e política se misturam, e programas sociais acabam no centro de disputas diplomáticas.

Mozart Sales classificou a medida como “injusta” e ressaltou a importância do Mais Médicos para comunidades vulneráveis. O impacto da decisão vai além dos dois profissionais: coloca em xeque futuras parcerias internacionais e evidencia como políticas externas podem interferir diretamente na vida de quem atua na linha de frente da saúde pública.

Para observadores, o episódio também levanta um alerta: programas de cooperação internacional podem ser vulneráveis a tensões políticas, mesmo quando têm foco social. O desafio agora é garantir que a população continue recebendo atendimento, enquanto governos tentam equilibrar interesses diplomáticos e direitos humanos.

O caso reforça a necessidade de diálogo entre países, lembrando que políticas de saúde não existem isoladas de decisões políticas e econômicas. No fim, quem sente o efeito direto dessas disputas são as comunidades que dependem de médicos para atendimento básico.

GED

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