Polícia indicia ex-servidores da Codego suspeitos de cobrar propina de empresas e pede bloqueio de R$ 1,5 milhão
Casal tem R$ 1,5 milhão bloqueado por cobrança de propina na Codego

A Polícia Civil indiciou oito ex-servidores suspeitos de cobrar propina de empresários que queriam instalar empresas em polos agroindustriais de Goiás. A corporação pediu ainda o bloqueio R$ 1,5 milhão em bens de um casal apontado como chefe do grupo criminoso. De acordo com a polícia, os investigados eram servidores e atuavam dentro da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego).
Em nota, a Codego informou que a investigação em curso é referente a gestão estadual passada e afirmou que tem contribuído de todas as maneiras possíveis com o trabalho policial na apuração dos fatos (Veja na íntegra ao final do texto).
A polícia indiciou também outros três respectivos familiares dos servidores. Entre os envolvidos há ainda um ex-vereador de Catalão. De acordo com a delegada Débora Melo, responsável pelo caso, o grupo atuou entre os anos de 2016 e 2018. O inquérito foi concluído na quinta-feira (15).
“O que mais chama atenção é o valor do proveito econômico que essas pessoas obtiveram. Os líderes do grupo, que eram servidores na época, em questão de três anos enriqueceram astronomicamente”, informou.
Pelo menos 12 empresários foram vítimas das ações criminosas, conforme a delegada que investigava o caso há quase dois anos, após uma empresária denunciar o grupo.
Os indiciados vão responder por 11 atos de corrupção, entre eles, associação criminosa e corrupção passiva. Eles já haviam sido presos temporariamente durante a “Operação Cherokee” no dia 13 de maio deste ano. Todos respondem ao processo em liberdade.
À época da operação, que cumpriu ainda 12 mandados de busca e apreensão, carros de luxo e notas em dólar e real foram apreendidos pela polícia.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/d/g/4EENVtSFOIhdsFPXEjaw/carros.jpg)
Carros apreendidos durante operação da Polícia Civil contra corrupção, em Goiás — Foto: Polícia Civil/Divulgação
Esquema criminoso
De acordo com a polícia, o grupo identificava empresários que estavam interessados em montar indústrias nos distritos administrados – Goiânia, Caturaí, Cristianópolis e Catalão. A partir daí, passava a cobrar propina para dar andamento nos processos administrativos necessários.
Dos investigados, oito eram servidores da empresa estatal na época. “Fazia parte dos serviços deles entrar em contato com os empresários. Se o empresário poderia obter aquela área por um valor módico, esses servidores usavam essa oportunidade para viabilizar a instalação do empresário naquele local”, disse a delegada Débora Melo.
Os investigadores informaram que alguns empresários que se recusaram a pagar os valores indevidos começaram a ser perseguidos. Membros do grupo teriam, inclusive, ameaçado despejar as indústrias já instaladas.
A polícia explicou que o esquema era tratado de maneira tão corriqueira que parte dos investigados assinava uma espécie de recibo para confirmar as propinas recebidas. Um dos suspeitos usou o cheque emitido por uma das vítimas para comprar um carro de luxo.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/U/l/CShoWDRwKucXRONosaEw/operacao-codego.png)
Dinheiro apreendido durante operação contra grupo suspeito de cobrar propinas de empresários goianos — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Durante a operação, foram encontradas várias armas em uma das casas, avaliadas em até R$ 100 mil. A polícia apontou ainda que houve um aumento elevado no padrão de vida dos investigados, o que não era compatível com os salários recebidos.
“Eram viagens internacionais várias vezes ao ano, aquisição de imóveis de luxo, trocas reiteradas de carros esportivos e outras situações que não seriam compatíveis com o exercício de uma função pública”, completou a delegada.
À época, além dos 11 indiciados, outras três pessoas chegaram a ser presas. No entanto, a delegada explicou que elas eram “usadas” pelos suspeitos e que, por isso, não foram indiciadas “neste momento”.
Nota da Codego na íntegra
A atual diretoria da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego) reforça que a investigação em curso é referente aos anos de 2016 a 2018, portanto da gestão estadual passada, e reafirma que tem contribuído de todas as maneiras possíveis com o trabalho policial na apuração dos fatos.
Concomitantemente, a direção tem tomado medidas rígidas de controle interno, de transparência e compliance, com treinamentos e qualificações contínuas dos colaboradores, inclusive sobre o Código de Ética e Conduta da Codego, que prevê tolerância zero para corrupção.
Por fim, ressaltamos o trabalho de reconstrução da Companhia e dos distritos agroindustriais administrados pelo Estado, que foram abandonados pelos gestores do governo anterior.
Seguiremos com a missão de promover o desenvolvimento sustentável de Goiás com atividades de fomento para incremento da economia, diminuição da desigualdade regional e geração de emprego e renda aos goianos.
Fonte: G1