Pesquisa da Anatel e Idec revela desigualdade no acesso à internet no Brasil

Por Ana Lucia
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Um estudo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em parceria com o Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) mostrou que a desigualdade digital no Brasil vai além do preço dos dispositivos: ela afeta diretamente o tempo que milhões de pessoas passam sem internet móvel. Entre os que ganham até um salário mínimo, 35% ficaram sete dias ou mais sem conexão nos 30 dias anteriores à pesquisa.
O levantamento indica que a falta de franquia de dados é um dos maiores obstáculos de conectividade, sobretudo para famílias de baixa renda. Entre os que recebem até um salário mínimo, 11,6% ficaram mais de 15 dias sem internet, índice quase seis vezes maior que o registrado na faixa acima de três salários mínimos (2,2%).
Outro dado preocupante é a influência da publicidade no consumo de dados: mais da metade dos entrevistados relatou que vídeos publicitários aparecem com alta frequência, consumindo parte da franquia disponível.
Entre os mais pobres, 51% usam celulares com valor inferior a R$ 1 mil. Já nas faixas mais altas de renda, predominam aparelhos mais caros. Apesar disso, mais da metade dos entrevistados em todas as rendas disseram ter celulares com menos de dois anos de uso.
No caso dos computadores, 47,3% dos que não possuem o equipamento alegaram alto custo como principal barreira. Outros 30% apontaram falta de interesse ou dificuldades no uso. O contraste é que, para tarefas como estudar, acessar serviços públicos e fazer compras online, os brasileiros preferem usar o computador quando têm acesso.O estudo foi realizado entre agosto de 2023 e junho de 2024, por telefone, com 593 pessoas em todo o país — todas usuárias de telefonia celular (pré e pós-paga) ou banda larga fixa.