PCGO investiga repasse de R$ 425 mil de verba pública para a prática de bruxaria, farmácia de cunhada e cartões pessoais

Da Redação
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A Polícia Civil de Goiás, com apoio da equipe alagoana, deflagrou na manhã da última terça-feira a Operação Ritual do Desvio, um esquema que mistura corrupção, misticismo e muito dinheiro público desaparecendo sem explicação. O foco da ação foi uma servidora da Prefeitura de Goiânia, apontada como responsável por desviar cerca de R$ 425 mil dos cofres municipais.
Segundo as investigações conduzidas pelo Grupo de Repressão a Roubos (Garra), da Deic-GO, e pela Diretoria de Repressão à Corrupção de Alagoas, a servidora utilizou dados falsos no sistema contábil da prefeitura para efetuar 14 pagamentos ilegais somente neste ano. A Controladoria Geral do Município foi quem primeiro levantou as irregularidades.
A teia de beneficiados é, no mínimo, inusitada: entre os recebedores do dinheiro desviado estão uma mulher que oferece serviços de bruxaria, uma associação desportiva, uma farmácia no nome da cunhada da investigada, além de pagamentos de faturas de cartões de crédito da própria funcionária pública.
A operação cumpriu três mandados de prisão e cinco de busca e apreensão em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Bela Vista de Goiás e na região metropolitana de Maceió. Além das prisões, o Judiciário também determinou o bloqueio de valores nas contas dos envolvidos e a suspensão da servidora de suas funções no serviço público.
O nome da operação faz referência à suposta ligação entre os desvios e os serviços esotéricos pagos com verba pública — uma ironia que, segundo os investigadores, expõe não só o uso indevido dos recursos, mas também a tentativa de maquiar os gastos como despesas legítimas.
A Polícia Civil segue apurando a possível participação de outros envolvidos no esquema e deve aprofundar as investigações sobre o destino exato do dinheiro desviado. A Controladoria Municipal, por sua vez, prometeu rever os protocolos de segurança e controle dos sistemas internos.