Goiânia

Pandemia faz crescer número de pessoas em situação de rua na capital

Durante o Censo 2019 foi possível confirmar que a maioria das pessoas que está nas ruas não tem, sequer, o ensino fundamental completo

O aumento de pessoas em situação de rua na capital, seja pedindo, vendendo balas nos semáforos ou quem não tem onde morar foi de 33% nos últimos cinco meses.

A pandemia colocou desempregados nas ruas em busca de sustento, assim como pessoas que perderam capacidade de custear aluguel e demais despesas de uma casa.

Sociólogo diz que faltam programas que possam ajudar essas pessoas a retomarem suas vidas, como é o caso do raizeiro Cícero Antônio dos Santos, de 56 anos. Ele perdeu a mulher para a Covid-19 e há três meses foi morar nas ruas. “Sozinho, não consigo pagar as contas”, diz.

Ele perdeu a esposa, vendeu todos os seus produtos a preço de custo para ajudar nos gastos de saúde da mulher e, quando percebeu, estava sem dinheiro. Com a morte dela, ele conta que ficou sem condição de manter a casa e o aluguel e foi morar nas ruas. Baiano, ele diz que não consegue voltar para casa porque não sabe o número de telefone dos familiares, que estavam salvos em um aparelho de celular que foi roubado, assim como dinheiro conquistado com doações e até sua dentadura.

Divulgação

Em divulgação no mês de março, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SEDHS) havia informado que 1,2 mil pessoas estavam nas ruas. Destas, 40% eram, de fato, moradores de rua.

O restante era formado por pessoas que buscam nos semáforos um meio de conseguir o sustento, seja na venda informal de produtos como balas e doces, limpando para-brisas ou demonstrando arte, mas que têm uma casa para voltar no final do dia. O dado também conta mulheres que mendigam acompanhadas de seus filhos.

Neste mês a pasta divulgou novo dado informando que o total de pessoas em situação de rua é de 1,6 mil, o que representa o aumento de 33%. E nas ruas é possível perceber o aumento.

A reportagem percorreu pontos da cidade onde as pessoas se encontram para receber ajuda de instituições religiosas e organizações não governamentais e muitos que aceitaram conversar disseram estar nas ruas há pouco tempo. Carlos Eduardo Moreira de Souza, de 37 anos é um deles. Está dormindo em parques há quatro meses. “Com mais tempo em casa, as brigas passaram a ser mais frequentes e eu acabei saindo de casa para não acontecer algo pior.”

Sociólogo e professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), Djaci David de Oliveira foi responsável pelo Censo 2019 das pessoas em situação de rua.
Ele entende que houve aumento dessa condição especialmente pelo crescimento da desigualdade econômica, seja pelo desemprego, pelo fechamento de empresas, que culminou em centenas de demissões, e até pelo aumento do custo de vida.

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