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Operação da PF na casa de Bolsonaro é o assunto mais comentado nas redes em 2023, diz Quaest

Foram quase 30 milhões de interações em 24h

A busca e apreensão da Polícia Federal na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro na manhã desta última quarta-feira, 3, foi o assunto político mais comentado nas redes sociais entre janeiro e maio de 2023, segundo levantamento da Quaest.

Em menos 24 horas, o tema alcançou mais de 450 mil menções diretas nas plataformas digitais e teve um alcance estimado de quase 30 milhões de interações. Além da alta repercussão em um curto período de tempo, o fato se tornou o tema com maior porcentual de reações negativas nas redes sociais, alcançando o patamar de 81%.

A busca da PF contra Bolsonaro também é agora o assunto referente ao ex-presidente com o maior porcentual de comentários negativos; anteriormente, essa posição era do caso das joias que, entre 4 e 6 de março, alcançou 60% de postagens críticas ao ex-chefe do Executivo.

A segunda posição do ranking dos assuntos mais comentados nas redes sociais em 2023 é do projeto de lei do novo arcabouço fiscal para as contas públicas, entregue pelo governo federal.

Só no dia 30 de março, quando foi feito a coleta, o tema tinha 301 mil menções e alcance de 17,2 milhões de interações nas plataformas. Na época, o arcabouço alcançou o patamar de 53% de postagens positivas.

O terceiro tema mais comentados nas redes sociais em 2023 é o escândalo das joias que o governo Bolsonaro tentou trazer ilegalmente para o Brasil, caso relevado pelo Estadão.

Entre os dias 4 e 6 de março, o assunto teve um pouco menos de 300 mil menções diretas e quase 17 milhões de alcance.

O patamar de questões negativas ficou em 60% das menções.

A taxação dos produtos importados está na quarta posição, com repercussão negativa de 78%, além de 280 mil menções e alcance de 16 milhões de interações nas três principais redes sociais – Twitter, Facebook e Instagram.

A quinta posição são os 100 dias do Governo Lula. Entre os dias 7 e 10 de abri, o tema recebeu 220 mil menções espontâneas nas redes e alcançou quase 13 milhões de interações com uma repercussão de quase 70% menções positivas. (Agência Estado)

PF faz buscas na casa de Bolsonaro e prende ex-ajudante Mauro Cid e mais 5 em operação por falsificação de cartões de vacina

Polícia prendeu seis suspeitos e apreendeu celular do ex-presidente, que foi alvo de buscas. Suspeita é que grupo tenha agido para fraudar cartões de vacinação de Bolsonaro, familiares e assessores.

A Polícia Federal fez buscas na manhã desta quarta-feira (3) na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília. Os policiais também prenderam o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, e outros cinco suspeitos.

A Polícia Federal fez buscas na manhã desta quarta-feira (3) na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília. Os policiais também prenderam o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, e outros cinco suspeitos.

A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes dentro do inquérito das “milícias digitais” que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Na decisão, o ministro considerou “plausível” a linha de investigação da Polícia Federal de que grupo ligado a Bolsonaro inseriu informações falsas no ConectSUS para obter vantagens ilícitas.

A fraude nos cartões de vacinação do Bolsonaro e da filha de 12 anos aconteceu em 21 de dezembro passado, pouco antes de viajarem para os EUA (no penúltimo dia de mandato). Após ser lançado no ConecteSUS, é possível gerar um comprovante de imunização. Os dados foram retirados do sistema em 27 do mesmo mês, segundo relatório da Polícia Federal (leia mais aqui).

Policiais chegaram nas primeiras horas da manhã ao condomínio onde o ex-presidente mora desde que voltou ao Brasil, em março. Por volta das 9h20, já não havia carros da Polícia Federal em frente à casa de Bolsonaro.

Bolsonaro falou à imprensa após as buscas. Ele reafirmou que não se vacinou contra a Covid e disse que não houve adulteração nos dados do cartão (veja mais detalhes abaixo).

Qual o motivo da operação?

A PF investiga um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

“Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid”, diz a Polícia Federal.

Quais dados foram forjados?

A TV Globo e a GloboNews apuraram que teriam sido forjados os certificados de vacinação:

  • do hoje ex-presidente Jair Bolsonaro;
  • da filha de Bolsonaro, hoje com 12 anos;
  • do ex-ajudante de ordens Mauro Cid Barbosa, da mulher e da filha dele.

Essa suposta falsificação teria o objetivo de garantir a entrada de Bolsonaro, familiares e auxiliares próximos nos Estados Unidos, burlando a regra de vacinação obrigatória.

A PF ainda investiga a situação de outros membros da comitiva, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Quais dados constam na carteira de Bolsonaro?

Segundo apurou a TV Globo, os sistemas do Ministério da Saúde indicam que duas doses de vacinas contra Covid teriam sido aplicadas em Jair Bolsonaro. Nesta quarta, após a operação da PF, o próprio ex-presidente negou que ele e a filha tenham se imunizado.

No sistema da Rede Nacional de Dados em Saúde, no entanto, constam duas doses da Pfizer:

  • a primeira, supostamente aplicada em 13 de agosto de 2022 no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias (RJ);
  • a segunda, supostamente aplicada no dia 14 de outubro, no mesmo estabelecimento de saúde.

Os dados, segundo os investigadores, foram inseridos no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações apenas em 21 de dezembro, pelo secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha.

Uma semana depois, no dia 27 de dezembro do ano passado, as informações foram excluídas do sistema por Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, sob alegação de “erro”.

Quem são os alvos da operação?

Até as 7h, todas as prisões já tinham sido cumpridas. Os presos foram:

  • o coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro;
  • o sargento Luis Marcos dos Reis, que era da equipe de Mauro Cid;
  • o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros;
  • o policial militar Max Guilherme, que atuou na segurança presidencial;
  • o militar do Exército Sérgio Cordeiro, que também atuava na proteção pessoal de Bolsonaro;
  • o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha.

Os agentes cumpriram 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro.

A Polícia Federal apreendeu dinheiro vivo na casa do tenente-coronel Mauro Cid. Foram encontradas notas de dólares no valor de US$ 35 mil e de reais no valor de R$ 16 mil.

Há, ainda, 16 mandados de busca e apreensão contra:

  1. Jair Bolsonaro;
  2. Mauro Barbosa Cid;
  3. Gabriela Santiago Ribeiro Cid;
  4. Luis Marcos dos Reis;
  5. Farley Vinicius Alcantara;
  6. Eduardo Crespo Alves;
  7. Ailton Gonçalves Moraes Barros;
  8. João Carlos de Sousa Brecha;
  9. Max Guilherme Machado de Moura;
  10. Sergio Rocha Cordeiro;
  11. Marcelo Costa Câmara;
  12. Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva;
  13. Marcelo Fernandes de Holanda;
  14. Marcello Moraes Siciliano;
  15. Camila Paulino Alves Soares;
  16. Guttemberg Reis de Oliveira.

Como funcionava o suposto esquema?

A inclusão dos dados falsos aconteceu em dezembro do ano passado, segundo a PF. As pessoas beneficiadas conseguiram emitir certificados de vacinação e usar para burlar restrições sanitárias impostas pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos, segundo os investigadores.

Segundo apurou a TV Globo, Mauro Cid teria determinado que um sargento da Ajudância de Ordens da Presidência da República, Luis Marcos dos Reis, incluísse dados forjados nos sistemas do Ministério da Saúde.

A inserção de dados falsos teve de ser refeita, em outra oportunidade. Isso porque, na primeira tentativa, o grupo inseriu no sistema lotes que tinham ido para outras cidades – e não para Brasília, como a fraude tentava apontar.

Nessa segunda tentativa, segundo os investigadores, os envolvidos deixaram rastros que facilitaram a apuração dos supostos crimes.

Segundo a Polícia Federal, o ajudante de ordens Mauro Cid Barbosa era quem controlava o cadastro de Jair Bolsonaro no ConecteSUS. Os acessos à plataforma foram feitos por um computador atribuído a Cid.

Além dos indícios no próprio sistema do Ministério da Saúde, a investigação obteve trocas de mensagens entre os envolvidos que confirmaram a fraude – a quebra do sigilo foi autorizada pela Justiça.

Entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, período referente à investigação, o ex-presidente Jair Bolsonaro fez duas viagens oficiais e uma pessoal para os Estados Unidos.

A Polícia Federal afirma que o objetivo do grupo seria “manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas” e “sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19”.

Quais crimes são investigados?

Segundo a PF, as condutas investigadas podem configurar, em tese, crimes como:

  • infração de medida sanitária preventiva;
  • associação criminosa;
  • inserção de dados falsos em sistemas de informação;
  • corrupção de menores.

O que dizem os citados?

  • Jair Bolsonaro: o ex-presidente da República afirmou que não tomou vacina e que não houve adulteração nos registros de saúde dele e da filha. “Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum, não existe adulteração da minha parte. Eu não tomei a vacina, ponto final. Nunca neguei isso”, disse.
  • Mauro Cid e família: dizem que vão se manifestar quando tiverem acesso aos autos do processo.
  • Marcelo Siciliano, ex-vereador do Rio: o político disse que foi surpreendido por agentes da Polícia Federal em sua casa e teve o celular apreendido, mas não sabe o motivo da operação. Disse também que está à disposição para dar esclarecimentos.
  • Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva: disse que não vai se manifestar porque a investigação está sob sigilo.
  • João Carlos Brecha, secretário de Governo de Duque de Caxias: a TV Globo entrou em contato com a prefeitura da cidade, mas não teve retorno.

Fonte: Por Ana Flor, Isabela Camargo, Fábio Amato, Andréia Sadi, Vladimir Netto, Márcio Falcão, Bruno Tavares, José Vianna e César Tralli, GloboNews e TV Globo — Brasília e São Paulo

O g1, a TV Globo e a GloboNews tentam contato com os demais citados.

 

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