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O carnê brasileiro virou tendência global com cara de fintech

Nova onda de parcelamentos sem juros conquista jovens e movimenta bilhões pelo mundo

Da Redação
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A velha arte brasileira de parcelar a compra virou estrela no mercado global. O modelo “compre agora, pague depois” — o famoso Buy Now, Pay Later (BNPL) — caiu nas graças de jovens consumidores e passou a movimentar bilhões de dólares no mundo todo.
Empresas como Klarna, Affirm e PayPal estão na dianteira dessa tendência, oferecendo uma nova roupagem ao tradicional carnê. Funciona assim: o cliente parcela a compra em até 4 vezes sem juros, geralmente em 6 semanas. O lojista recebe à vista, com desconto médio de 3%, e o consumidor sai com o produto na hora.
Esse modelo, pensado inicialmente para o varejo online, já financia de fast food a cirurgias plásticas. Segundo a Worldpay, os gastos globais com BNPL saltaram de US$ 2 bilhões em 2014 para US$ 342 bilhões em 2024 — um salto impressionante que revela o apetite do consumidor por conveniência no pagamento.
A adesão é especialmente alta entre os millennials e a geração Z: enquanto apenas 2% dos clientes nascidos antes de 1965 no Bank of America utilizam BNPL, esse número sobe para 10% entre os mais jovens. E, quando o parcelamento entra em cena, o carrinho de compras costuma ser 20% mais cheio, segundo dados do setor.
Mas, como todo crédito fácil, o modelo tem seus riscos. A taxa de inadimplência nos Estados Unidos saltou de 15% em 2021 para 24% em 2024, segundo o Banco Central americano. Isso acendeu um sinal de alerta entre analistas e reguladores.
Críticos apontam que o BNPL contorna regras tradicionais do sistema de crédito e facilita o endividamento, especialmente entre os mais vulneráveis, que podem não perceber os riscos de acumular várias parcelas simultâneas.
Enquanto isso, fintechs e bancos disputam espaço para conquistar esse novo público, oferecendo praticidade, aprovação rápida e zero juros — ao menos na vitrine. O futuro do carnê 2.0 parece promissor, mas exigirá equilíbrio entre inovação e responsabilidade financeira.

GED

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