No Brasil os homens vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres e têm mais doenças do coração, câncer, diabetes e problemas com colesterol e pressão arterial. Entretanto, ainda é baixa a procura do público masculino às unidades de saúde para uma consulta de prevenção ou para fazer exames de rotina. Pesquisa do Ministério da Saúde revela que 31% dos homens brasileiros não têm o hábito de ir ao médico. Quando vão, 70% tiveram a influência da mulher ou de filhos.
O médico Paulo Tadeu Machado, urologista do Hospital Estadual Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi (HGG), unidade da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO, e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, regional Goiás, apresenta uma explicação para essa mentalidade: “culturalmente, o homem acredita que não fica doente e, por isso, não procura o médico”.
Segundo ele, a barreira ainda persiste entre os mais velhos, mas há mudanças entre os jovens, na faixa dos 40 anos e 50 anos. Os dados mostram que as taxas de mortalidade por câncer de próstata estão caindo nos últimos anos, porque os homens estão mais conscientes da importância de fazerem os exames preventivos.
O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens brasileiros, sendo que as maiores vítimas são homens a partir dos 50 anos. Em Goiás, foram registrados 803 casos no ano passado. Os números fazem parte do cadastro do Sistema Nacional de Informações Hospitalares do SUS.
Muito além do câncer de próstata, as doenças cardiovasculares foram as que mais afetaram os goianos no ano passado:
Doenças isquêmicas do coração: 3.093 casos
Insuficiência cardíaca: 3.067 casos
Acidente Vascular Cerebral: 2.265 casos.
Números de 2017 registrados no Sistema de Mortalidade do DataSus, do Ministério da Saúde, mostram que ao se comparar os sexos, o que mais mata os goianos são as causas externas e a violência:
90,1% (2.589 óbitos) dos homicídios foram de homens
79,78% (1.284) dos óbitos por acidentes de trânsito foram de homens
79,14% (387) dos suicídios.
Conscientização
Para despertar o interesse dos homens em cuidar da saúde o mês de novembro se veste de azul. Fernanda Parreira, da subcoordenação de Saúde do Homem da SES-GO, destaca que a Secretaria aproveita o Novembro Azul para desenvolver ações para conscientizar a população masculina sobre a importância de construir uma cultura de autocuidado e o acompanhamento médico periódico. E assim tornar possível o diagnóstico precoce de doenças, especialmente do câncer de próstata.
Durante o mês de novembro, a SES-GO realiza ações junto aos alunos dos cursos de enfermagem com o intuito de capacitar esses futuros profissionais de saúde. A pasta também participará de eventos em empresas e órgãos públicos. Nos dias 13 e 14 de novembro foi realizada a qualificação de profissionais de saúde da Regional de Saúde São Patrício II, em Goianésia, relacionada à saúde sexual e saúde reprodutiva masculina
O psicoterapeuta Vitor Rotolo Soares, de 41 anos, sabe da importância de cuidar da saúde, tanto quanto física quanto mental. Ele aborda o tema em debates no grupo “Homens em Conexão”. Segundo ele, que periodicamente procura ajuda médica, o público masculino tem dificuldade em falar do que sentem, não procuram ajuda e adoecem. Para Vitor, “o homem precisa entender que não é super-homem. Ele é humano”.
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