
Vírus influenza D, antes restrito a animais, pode ter adquirido capacidade de transmissão entre humanos
Uma nova variante da gripe, identificada como vírus influenza D (IDV), foi detectada na China e está preocupando autoridades sanitárias e pesquisadores ao redor do mundo. O patógeno, originalmente encontrado em gado, pode ter desenvolvido a habilidade de se espalhar entre humanos, levantando o temor de uma nova pandemia global.
O estudo, conduzido por Hongbo Bao e sua equipe do Instituto de Pesquisa Veterinária de Changchun, foi divulgado pelo jornal britânico The Sun nesta sexta-feira (17/10). A pesquisa aponta “taxas de exposição alarmantes” ao vírus entre pessoas no nordeste da China: 74% dos indivíduos testados apresentaram sinais de contato com o IDV — e entre pacientes com sintomas respiratórios, a taxa chegou a 97%.
Vírus com potencial de adaptação a humanos
O influenza D foi descoberto em 2011, nos Estados Unidos, em um porco com sintomas gripais. Desde então, acreditava-se que o vírus infectasse apenas animais de produção, como vacas e porcos. No entanto, análises recentes mostram que o IDV consegue se replicar em células das vias respiratórias humanas, o que pode possibilitar transmissão aérea e por contato direto com animais infectados.
O vírus já foi identificado em cinco continentes, infectando cavalos, camelos, cabras, ovelhas e cães, o que reforça o risco de uma transmissão cruzada silenciosa entre espécies. O relatório científico destaca que “infecções subclínicas”, isto é, sem sintomas aparentes, podem estar sustentando epidemias ocultas em comunidades rurais e entre trabalhadores que lidam com gado.
Pesquisadores pedem vigilância e vacinação reforçada
Ainda não há evidências conclusivas sobre a resistência do vírus a antivirais tradicionais usados contra a gripe comum. Cientistas recomendam monitoramento internacional rigoroso, além do reforço das campanhas de vacinação contra influenza, para reduzir o risco de combinação genética com outros vírus gripais humanos.
“As descobertas indicam que o IDV pode ter adquirido a capacidade de transmissão de humano para humano durante sua evolução contínua”, alerta o relatório. “As cepas atualmente em circulação já representam uma ameaça panzoótica potencial.”