Múmias Egípcias: tomografias 3d revelam mistérios de 3.000 Anos
Da Redação
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Cientistas do Field Museum, de Chicago, estão utilizando uma técnica moderna de imagem para desvendar os segredos de múmias egípcias com mais de 3.000 anos. A tomografia computadorizada (TC), comum em exames médicos, tem sido aplicada para examinar os corpos mumificados sem danificá-los, permitindo que os pesquisadores explorem detalhes do processo de mumificação e da vida das pessoas do Antigo Egito.
A pesquisa começou em setembro de 2023 e está programada para durar cerca de três anos, já que as 26 múmias em exposição no museu exigem um estudo detalhado. Usando tomografias, os cientistas conseguiram criar imagens em 3D das múmias, seus caixões e até mesmo dos artefatos que os acompanham. Essas imagens revelam informações valiosas sobre as condições de saúde, as práticas funerárias e a vida cotidiana no Egito antigo.
A escolha da tomografia é especialmente importante, pois permite que os cientistas investiguem sem alterar as múmias de maneira invasiva. A remoção de órgãos internos, um passo crucial na mumificação egípcia, é normalmente um processo delicado e, muitas vezes, irreversível. Em algumas das múmias analisadas, os órgãos foram retirados e colocados em jarros, mas as tomografias também revelaram casos em que os órgãos foram reposicionados dentro do próprio corpo.
O processo de mumificação, que durava cerca de 70 dias, tinha um forte caráter religioso e científico. Os egípcios acreditavam que o corpo precisava ser preservado para garantir uma jornada segura ao além. Durante a mumificação, todos os órgãos, exceto o coração, eram removidos, pois acreditava-se que o coração continha a alma. Após a remoção, o corpo era secado com sal e envolto em linho, muitas vezes com orações e amuletos colocados nos tecidos.
Uma das múmias que mais intrigou os cientistas foi a de Lady Chenet-aa, uma mulher que viveu há cerca de 3.000 anos. As digitalizações revelaram que ela morreu entre 30 e 40 anos, e a análise de seu corpo mostrou vestígios de alimentos, incluindo grãos de areia, o que sugere que ela pode ter consumido alimentos em ambientes arenosos ou que estava exposta ao deserto. Além disso, sua múmia possuía “novos olhos” e enchimento na traqueia, uma prática comum para manter a aparência do corpo e garantir que ele estivesse “completo” para a vida após a morte.
O mais intrigante, no entanto, foi a análise do caixão de Lady Chenet-aa. Inicialmente, os cientistas não conseguiam entender como o corpo havia sido colocado dentro da caixa, já que não havia costuras visíveis ou aberturas grandes o suficiente para acomodá-lo. A tomografia revelou que os embalsamadores usaram uma técnica única: eles molharam a cartonagem (uma espécie de material usado para criar o caixão) e a moldaram ao redor do corpo. Após a moldagem, uma fenda foi cortada na parte de trás, o que permitiu que o corpo fosse colocado de forma cuidadosa e, em seguida, fechado e amarrado.