Mensagens vazadas mostram Eduardo Bolsonaro xingando o Pai após entrevista que o chamou de imaturo
Por Ana Lucia
Deputado expressa revolta em diálogos revelados pela Polícia Federal, com palavrões e críticas à entrevista de Jair Bolsonaro; episódio integra relatório da investigação da trama golpista no STF
Mensagens reproduzidas no relatório final da Polícia Federal, que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), revelam um conflito entre pai e filho ocorrido após uma entrevista em que Jair chamou Eduardo de imaturo. No diálogo por WhatsApp, divulgado pela investigação, Eduardo Bolsonaro demonstra grande incômodo com as declarações do pai durante entrevista concedida ao portal Poder360 em 15 de julho de 2025. Na ocasião, Jair Bolsonaro comentou uma divergência do filho com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e declarou: “Ele [Eduardo] apesar de ter feito 40 anos de idade agora, né… ele não é tão maduro assim, vamos assim dizer, talhado para a política… tá bem. Ele acerta 90% das vezes, 9% quando meio e 1% está errando.”
O deputado respondeu à altura, mandando mensagens em maiúsculas e com palavrões, demonstrando indignação: “VTNC SEU INGRATO DO CAR4LHO!”, usando uma expressão vulgar em forma de sigla. Em outra mensagem, ele desabafou: “Me fudendo aqui! VC ainda te ajuda a se fuder aí!(..) Se o IMATURO do seu filho de 40 anos não puder encontrar com os caras aqui, PORQUE VC ME JOGA PRA BAIXO, quem vai se fuder é vc E VAI DECRETAR O RESTO DA MINHA VIDA NESTA PORRA AQUI.” Após a entrevista, Eduardo declarou que deixaria o assunto de lado, mas confessou estar com vontade de “dar mais uma porrada” em Tarcísio, em meio às críticas recebidas do pai.
O relatório da Polícia Federal indica que os diálogos entre Jair e Eduardo também continham mensagens de áudio, que não puderam ser recuperados pelas autoridades. Em uma tentativa de amenizar o conflito, Eduardo Bolsonaro enviou nova mensagem ao pai pedindo para ser visto como o ex-presidente Michel Temer (MDB), questionando se Jair aplicaria o mesmo julgamento a Temer:
“Quero que você olhe para mim e enxergue o Temer, você falaria isso do Temer?” Na madrugada do dia 16 de julho de 2025, o deputado ainda pediu desculpas pelas mensagens agressivas do dia anterior, justificando que “estava puto na hora”.
Esses diálogos fazem parte do amplo inquérito aberto no STF para investigar a chamada trama golpista, na qual o ex-presidente e seus aliados são suspeitos de articular obstrução da justiça e tentativas de abolição do Estado democrático de Direito. O vazamento das mensagens gerou repercussão política e foi criticado pelo próprio Eduardo Bolsonaro, que em nota afirmou repudiar a divulgação das conversas privadas entre pai e filho.
@AnaLucia
