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Mais de 400 instituições da rede municipal de ensino de Goiânia entrarão em greve

A classe cobra o cumprimento integral dos 33,24% de atualização do piso dos educadores e respeito pela data-base dos administrativos, que se encontra atrasada desde 2020

Servidores da educação do município de Goiânia aprovaram início de greve para a próxima terça-feira (15), durante assembleia realizada na manhã de ontem (10), no Centro Popular de Abastecimento e Lazer (Cepal) do Setor Sul. O motivo é que professores e funcionários administrativos estão tentando desde o início do ano uma negociação acerca do reajuste do piso salarial de 33,24%, pagamento da data-base, plano de carreira, auxílios transporte, quinquênio, gratificação dos diretores e concursos públicos.

Porém, em meio a negociações, a categoria rejeitou a proposta do reajuste do piso de 9,3% referentes a 2020-2022 tanto para docentes como administrativos. “Desde o início de 2022, assim que anunciou o piso, que tentamos um acordo. Já estamos em março e até agora estamos sem definição. Houve o anúncio do reajuste 9,32%, mas deve ser de 33%. Também aceitamos parcelamento”, explica a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), Bia de Lima.

De acordo com a presidente do Sintego, mais de 400 unidades de ensino municipais entrarão em greve. Ela ainda destaca que o calendário escolar de 2022 está sendo seguido à risca, não existe mais atrasos referentes à pandemia. Bia de Lima não descarta negociações até a data limite para o início da paralisação. ‘’Não nos afastamos da mesa de negociações. Vamos lutar até termos êxito´´, relata.

Assembleia do Simsed

Na manhã de ontem (10), o Sindicato Municipal dos Servidores de Goiânia (Simsed) também realizou uma assembleia dos trabalhadores da rede municipal de educação, em frente à Câmara Municipal de Goiânia, para discutir algumas pautas, entre elas a proposta da Prefeitura de reajuste de 9,3%, que foi rejeitada. “Essa proposta nem recompõe as perdas inflacionárias do último período, tanto para o administrativo como para o professor, como está previsto em lei’’, pontua Antônio Gonçalves, coordenador do Simsed.

Outro assunto debatido durante a assembleia foi a quantidade de concursos anunciados, considera insuficiente pelos profissionais da educação para preencher o déficit existente na rede municipal. ‘’Nós discutimos sobre o indicativo de greve. A decisão da categoria foi que temos que construir a greve, conversar com a comunidade, para que na semana que vem nós possamos iniciar o movimento grevista e pressionar a Prefeitura para o cumprimento de nossos direitos´´.

Famílias se preocupam com os impactos da greve

Ainda não existe uma estimativa do quantitativo de alunos que irão ficar sem aulas durante o período de greve, mas muitos pais já estão preocupados com a notícia. “As crianças perderam dois anos por causa da pandemia e agora quando eles estão se acostumando com a rotina vem a greve. Minha rede de apoio é pequena e eu preciso trabalhar. Então vai mudar toda a minha logística”, reclama a fisioterapeuta Andressa Soares, mãe dos gêmeos Isaac e Asafh, de 6 anos.

Mas, apesar do transtorno, a fisioterapeuta entende o posicionamento dos profissionais. “Também vejo a greve como uma reivindicação justa dos servidores. É legítimo lutar pelos direitos”, defende.

A engenheira de alimentos Paula Cristina Soares tem dois filhos pequenos e a preocupação é a mesma: a mudança da rotina da família. “Irá mudar a rotina, pois não tenho com quem deixar. Tenho dois filhos, um que fica na escola e outro no Cmei [Centro de Municipal de Educação Infantil], vou ter prejuízo no meu trabalho”, reclama.

Paula Soares afirma também entender a importância da greve para a categoria. “Penso que o professor deve ser melhor remunerado sim. Eles merecem e muito. Mas, estamos vivendo tempos difíceis e que o aumento tem de ser realista. Além disso, ficamos quase um ano e meio sem aula presencial. Lógico que os professores tiverem suas atividades, mas não se compara com as aulas em sala de aula’’.

Outra realidade presente em famílias com crianças em escolas públicas é que muitas dependem da alimentação escolar por não ter dinheiro suficiente para suprir todas as refeições diárias. Uma pesquisa realizada pela Plataforma de Direito Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Dhesca) revelou que mais de 30% dos alunos não receberam nenhum tipo de ajuda para se alimentarem e 21% afirmaram receber ajuda com uma cesta básica apenas uma vez durante 15 meses de pandemia.

GED

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