Cidades

Mais de 22 milhões de jovens estão conectados à internet

O maior aumento observado pelo estudo foi no uso de redes sociais

As redes sociais podem trazer benefícios como ampliar o conhecimento e realidades distintas daquelas que a sociedade está inserida. No entanto, a longo prazo, ela pode  comprometer a socialização saudável, onde o indivíduo desaprende a comunicar de forma calorosa e se isola, apenas no mundo virtual.  As crianças e jovens brasileiros estão cada vez mais conectados à rede mundial de computadores.

Uma pesquisa chamada TIC Kids Online Brasil, aponta que, em 2021, 78% dos usuários de internet com idades de 9 a 17 anos acessaram redes sociais, representando um aumento de 10 pontos percentuais, se comparado com 2019. A pesquisa, divulgada na última terça-feira (16/08), pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), entrevistou 2.651 crianças e adolescentes, seus pais ou responsáveis, em todo o território nacional.

O maior aumento observado pelo estudo foi no uso de redes sociais, mas outras áreas da internet também apresentaram crescimento, como por exemplo, jogar online conectado com outros jogadores (de 57% para 66%) e não conectado a eles, saindo de 55% para 64%. Além disso, as compras foram facilitadas, sendo possíveis pelo ambiente digital, passando de 9% (2019) para 19% (2021).

Diante dos dados, fica evidente que, mesmo com a facilidade oferecida pelo meio digital para realizar compras, a maioria dos jovens entrevistados optam por comprar presencialmente. A jovem de 13 anos, Jordana Azevedo, apesar de não ter participado da pesquisa, compartilha da preferência da maioria. “Eu costumo comprar online, principalmente objetos não essenciais, apenas por diversão. Mas eu prefiro comprar presencial por causa da segurança de poder ver o produto como ele realmente é”, explica.

A psicóloga especialista em crianças, famílias e juventude, Ana Carla Teodoro, explica que o excesso de tela pode provocar danos à saúde física e mental das crianças. Dores de coluna, cabeça,  LER( lesão por esforço repetitivo) e ansiedade e estresse estão entre os problemas a serem enfrentados. “A curto prazo vai desenvolver dificuldade de aprendizado escolar, dificuldade para acordar, estudar, concentração e memória.  A longo prazo prejuízos em socialização,  tanto quanto quadros de ansiedade e depressão.  Tendo em vista que passou parte da vida, se comunicando com o virtual e não com o real”, aponta.

Nem tudo, porém, é negativo. A especialista aponta que com o acompanhamento dos pais  e responsáveis “as redes podem ser um espaço para amizades, porém pode ser altamente perigoso, por não se ter ciência de quem está do outro lado”.

“Atualmente existe app onde os pais e responsáveis podem monitorar seus filhos. E inclusive interromper o acesso a Internet incluindo conteúdos  impróprios, como pornografia, violência e contato com pessoas estranhas. São  aplicativos de controle parental gratuitos  como no  Google, utilizar o Family Link, que é uma espécie de controle parental do próprio Google que você pode acessar pela própria plataforma dele e você cria uma e-mail para a criança, um para você e aí a família passa a monitorar tudo o que a criança faz”, argumenta.

Conexão

Entre as plataformas utilizadas, a proporção do público analisado, ou seja, jovens de 9 a 17 anos, que têm perfil no Instagram avançou de 45% (2018) para 62% (2021). Pela primeira vez, a pesquisa levou em consideração os perfis na plataforma de vídeo TikTok, constatando que 58% dos usuários na mesma faixa etária possuem uma conta. Jordana é uma das jovens que tem como aplicativo preferido o TikTok, por gostar “de ver os vídeos que outras pessoas gravam”, além de afirmar que passa aproximadamente 7 horas diárias apenas nas duas redes sociais.

Segundo o gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), Alexandre Barbosa, as plataformas de criação e compartilhamento de conteúdo estão entre as mais utilizadas pelo público analisado. “Nesse contexto, a qualidade da conexão à Internet e dos dispositivos digitais utilizados para o acesso à rede passam a ser determinantes para o melhor aproveitamento de oportunidades online. É central, portanto, garantir condições equitativas de conectividade para crianças e adolescentes em diferentes contextos socioeconômicos”, aponta.

Um assunto bastante procurado, segundo a pesquisa, é sobre saúde e bem-estar, entre jovens de 11 a 17 anos. Dos entrevistados, 32% afirmaram procurar ajuda para lidar com algo ruim que vivenciaram ou para falar sobre emoções. Em faixas etárias mais elevadas, a porcentagem foi ainda maior, em que, entre adolescentes de 15 a 17 anos, 46% disseram ter usado a internet para procurar apoio emocional.

Saúde mental

Mesmo que seja outro meio facilitador para achar ajuda, a internet também pode ser um causador da necessidade. Segundo Jordana, alguns vídeos que estão livremente disponíveis já causaram desconforto ou a deixaram triste. “Alguns comentários que às vezes eu vejo zoando alguém, vídeos sobre maus tratos com animais e pessoas. São vários vídeos e outras coisas que aparecem que me deixam bastante mal todos os dias”, afirma.

Jordana afirma que o uso da internet dificulta a socialização de forma presencial, mas facilitou à distância. “Piora no sentido de não socializar muito pessoalmente, ter mais vergonha, ou sentir vontade de ficar mexendo no celular o tempo todo quando estamos com outras pessoas, mas facilita a socialização à distância, que eu posso falar com os meus amigos independentemente de onde eu estiver”, diz.

GED

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