Maior fusão de buracos negros já registrada desafia teorias e surpreende cientistas

Da Redação
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Cientistas dos Estados Unidos e do Reino Unido anunciaram recentemente a maior fusão de buracos negros massivos já registrada, um marco que está reescrevendo o entendimento sobre a formação desses objetos extremos do universo. O fenômeno, catalogado como GW231123, foi detectado em 23 de novembro de 2023, às 14h (horário do Reino Unido), por uma rede internacional de observatórios de ondas gravitacionais, incluindo o LIGO (EUA), Virgo (Itália) e KAGRA (Japão).
A colisão ocorreu a cerca de 10 bilhões de anos-luz da Terra, em uma época em que o universo era ainda jovem. As ondas gravitacionais geradas — ondulações minúsculas no espaço-tempo — foram captadas por equipamentos altamente sensíveis, após viajarem bilhões de anos pelo cosmos. O sinal, que durou apenas um décimo de segundo, indicou a fusão de dois buracos negros com massas de aproximadamente 100 e 140 vezes a massa do Sol. Antes do impacto, ambos orbitavam um ao outro em velocidades extremas.
O resultado foi a criação de um buraco negro colossal, com cerca de 225 massas solares — um recorde absoluto entre os eventos já observados. Esse valor supera com folga o recorde anterior, estabelecido pelo evento GW190521, que somava 140 massas solares. Segundo os pesquisadores, a existência de um buraco negro tão massivo desafia os modelos teóricos atuais, que não previam objetos desse porte formados por fusões diretas. ‘Esse resultado sugere que estamos apenas começando a entender a complexidade da evolução desses sistemas’, afirmaram os autores do estudo.
Os cientistas acreditam que buracos negros de massa e rotação excepcionais podem ser frutos de fusões sucessivas, em ambientes densos como aglomerados estelares. O estudo detalhado do evento GW231123 será apresentado na conferência científica GR-Amaldi, que acontece em Glasgow, Escócia, entre os dias 14 e 18.
Ondas gravitacionais, previstas por Albert Einstein há mais de um século, só foram detectadas pela primeira vez em 2015. Essas vibrações espaciais são tão sutis que causam distorções milhares de vezes menores que a largura de um próton, exigindo instrumentos de precisão extrema para sua identificação.