Liderança catarinense
A avicultura industrial brasileira nasceu em território barriga-verde e conquistou o mundo, é sinônimo de eficiência e qualidade e, há 50 anos, está presente em todos os continentes: a carne de frango catarinense é consumida em mais de 150 países. Santa Catarina colhe os frutos de décadas de investimentos em genética, em sanidade e em aperfeiçoamento do parque agroindustrial de processamento de carnes. Isso é o que está por traz da liderança brasileira das exportações de carnes de aves e suínos que, neste ano, cresceram exponencialmente.
A conquista do status de área livre de aftosa sem vacinação, há doze anos, foi fundamental para ampliar a presença no mercado mundial. O sistema de produção integrada – uma parceria que há quase 70 anos une criadores e agroindústrias em território brasileiro – é outro vitorioso fator que explica o sucesso da cadeia produtiva da avicultura e da suinocultura agroindustrial. Esse sistema fortaleceu a economia dos municípios, fixou a família rural no campo, amenizou o êxodo rural, levou bem-estar às famílias rurais e transferiu tecnologia aos criadores.
A base produtiva, formada por cerca de 18 mil produtores integrados no campo e 60 mil empregos diretos nas indústrias, faz de Santa Catarina o maior produtor nacional de carne suína e o segundo maior de carne de frango.
As conquistas da agroindústria catarinense ocorreram apesar das graves deficiências logísticas, que reduzem a competitividade internacional das empresas brasileiras. A base produtiva das empresas processadoras está distante dos locais de consumo, seja do mercado interno, quanto do externo.
O deslocamento do produto processado requer condições de logística adequadas com o propósito de redução dos custos e do tempo dos transportes. Por isso, são essenciais investimentos na área de logística por meio da construção e reforma de novos modais logísticos – portos, estradas e ferrovias. Os investimentos em logística são fundamentais para a redução dos custos e o aumento dos ganhos das cadeias produtivas em geral.
Outro percalço é a desigualdade de incentivos fiscais e tributárias oferecidos por outras unidades da Federação, que cada vez empurram a agroindústria para outros Estados – especialmente para o Paraná. Depois de manter por décadas a liderança na produção e nas vendas externas, foi exatamente para os paranaenses que os catarinenses deixaram de pontificar nas exportações. A indústria avícola do Paraná foi intensamente apoiada por políticas de incentivos.
Não é sem méritos, portanto, que o Estado recupera a liderança e volta a ocupar o primeiro lugar no ranking brasileiro de exportações de carne de frango. Mais uma honrosa vitória da economia catarinense.
José Zeferino Pedrozo é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)