Goiânia

Júri do caso Valério Luiz segue nesta terça-feira,14; confira como foi primeiro dia

Após três adiamentos, o julgamento dos acusados de matar o radialista Valério Luiz foi iniciado nesta segunda-feira (13), no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), em Goiânia, e está na fase de depoimentos das testemunhas. O primeiro dia de julgamento durou 12 horas e contou com quatro depoimentos, sendo um deles, de quatro horas, e ânimos exaltados.

As quatro testemunhas ouvidas no 1º dia foram:

  1. Hellyton Carvalho, delegado que esteve à frente das investigações, que concluiu o inquérito e remeteu à Justiça;
  2. Alípio Ferreira Nogueira, publicitário que trabalhou com Valério Luiz e que é testemunha da acusação;
  3. André Isac da Silva, radialista que também trabalhou com a vítima;
  4. Daniel de Almeida Santana, advogado e cronista esportivo.

Valério Luiz foi morto a tiros, aos 49 anos, quando saía da rádio em que trabalhava, no dia 5 de julho de 2012. Segundo a denúncia feita pelo Ministério Público, o crime foi motivado pelas críticas constantes de Valério Luiz à diretoria do Atlético Goianiense, da qual Maurício Sampaio, um dos réus, era vice-diretor. Atualmente, ele é vice-presidente do Conselho de Administração.

Os cinco acusados do crime são:

  • Maurício Sampaio, apontado como mandante;
  • Urbano de Carvalho Malta, acusado de contratar o policial militar Ademá Figueiredo para cometer o homicídio contra o radialista;
  • Ademá Figueiredo Aguiar Filho, apontado como autor dos disparos que mataram Valério;
  • Marcus Vinícius Pereira Xavier, que teria ajudado os demais a planejar o homicídio do radialista;
  • Djalma Gomes da Silva, que teria ajudado no planejamento do assassinato e também atrapalhado as investigações.

Depoimento de Hellyton Carvalho

Delegado Hellyton Carvalho, no juri do caso Valério Luiz, em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Delegado Hellyton Carvalho, no juri do caso Valério Luiz, em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

A primeira testemunha a ser ouvida pelo júri foi o delegado Hellyton Carvalho, que respondeu perguntas de promotores e advogados de defesa dos réus por 3h30.

Em seu depoimento, o delegado da Polícia Civil afirmou que a única inimizade de Valério Luiz era com Maurício Sampaio, ainda que, na época do crime, testemunhas tenham relatado que o radialista não tinha dívidas, casos extraconjugais e inimizades que justificassem o crime (veja vídeo abaixo).

“A única preocupação que ele estava tendo nos dias anteriores ao homicídio seria sobre essas críticas mais contundentes que ele teria feito à direção do Atlético Goianiense. […] A única inimizade que ele teria, efetiva, nesse meio, seria com o senhor Maurício Borges Sampaio”, disse.

Durante seu depoimento, Hellyton afirmou que a quebra de sigilo telefônico constatou que a ordem para matar Valério Luiz se deu em uma ligação de 10 segundos.

Além disso, ele pontuou que Urbano Malta, um dos réus no caso, estava na cena do crime e próximo ao carro de Valério. Segundo o delegado, essa localização foi identificada a partir do rastreio dos números de telefone pelas torres de celular, que deram a localização dos dois no dia do crime.

Segundo o delegado, o policial militar Ademá Figueiredo fazia bicos de segurança para Maurício Sampaio durante os jogos e era próximo do ex-vice-presidente do time. Ele ainda reforçou a acusação contra o PM ao destacar a habilidade que o atirador teve nos disparos.

“A pessoa acertou os tiros sem descer da moto”, relatou o delegado.

No depoimento, o delegado foi questionado pelo advogado Silva Neto, que defende Maurício Sampaio, sobre o celular de Valério Luiz.

Segundo testemunhas, a vítima teria recebido ligações que não foram atendidas no momento do crime. No entanto, o delegado afirmou que não sabe sobre o paradeiro do aparelho. Para Silva Neto, essa seria uma das mais importantes provas do processo: o telefone da vítima.

Primeiro dia de julgamento

Hellyton Carvalho, delegado que esteve à frente das investigações e concluiu o inquérito policial do caso, foi a primeira testemunha ouvida, ao longo de 3h30. No depoimento, o delegado afirmou que, segundo informação obtida por quebra de sigilo telefônico, a ordem para matar Valério Luiz aconteceu em uma ligação de 10 segundos.

Hellyton também disse que Urbano Malta, um dos réus, estava na cena do crime e que isso foi detectado graças ao rastreio dos números de telefone por torres de celular, que geraram a localização. Além disso, o advogado de defesa de Maurício Sampaio, Silva Neto, questionou o delegado sobre o celular do jornalista assassinado já que, segundo testemunhas, Valério Luiz teria recebido ligações não atendidas no momento do crime. O delegado respondeu que não sabe dizer onde estava o celular da vítima.

A segunda testemunha ouvida foi o publicitário Alípio Ferreira Nogueira, cujo depoimento durou 1h10. Ele disse ter trabalhado ao longo de anos com Valério Luiz e que chegou ao local do crime minutos depois. Segundo ele, Urbano e o dono do estacionamento estavam presentes. A testemunha disse ainda que, no momento em que chegou ao local, Valério Luiz ainda não estava morto.

O radialista André Isaac da Silva foi a terceira testemunha a ser ouvida. Ele falou por cerca de 2h30 e contou que estava nos bastidores no dia em que Valério Luiz fez duras críticas ao time Atlético Goianiense, do qual Maurício Sampaio era vice-diretor à época.

“Meu amigo, você pode olhar em filme de aventura, quando o barco está enchendo de água, os ratos são os primeiros a pular fora”, disse o radialista Valério Luiz, em 2012, ao comentar a renúncia de Sampaio do clube.

A última testemunha ouvida nesta segunda-feira, 13, foi o cronista Daniel Almeida Santana Reis. Seu depoimento durou cerca de 1h30. Na época do crime, ele era diretor da emissora onde Valério Luiz trabalhava, a PUC TV. Daniel disse que contou que mencionou uma carta que proibia o radialista e toda a equipe de frequentarem o clube. “Em momento nenhum eu pedi pela liberação da minha equipe”, pontuou Daniel. Além disso, comentou que Valério costumava fazer críticas contundentes, não só ao Atlético Goianiense. “Sim, sempre no estilo dele. Críticas pesadas, diretas. Criticava os dirigentes de outros times também”, respondeu.

 

 

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