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Invasão de elétricos chineses gera reação da indústria automotiva no Brasil

A forte entrada de carros elétricos da China no mercado brasileiro tem causado um verdadeiro alvoroço no setor automotivo nacional. Apenas nos primeiros cinco meses deste ano, mais de 22 mil veículos chineses — em sua maioria elétricos e híbridos — desembarcaram no Brasil, volume que já ultrapassa o total importado em todo o ano passado. A projeção é de que esse número chegue a 200 mil até o fim de 2025, o que representaria cerca de 8% do total de emplacamentos de veículos leves no país.
Fabricantes como BYD e GWM têm aproveitado a janela tarifária reduzida para consolidar presença no país, antes que as alíquotas de importação voltem ao patamar de 35% previsto para 2026. Com isso, navios carregados com milhares de veículos têm atracado mensalmente em portos brasileiros. Apenas em maio, quatro embarcações da BYD chegaram ao país com carregamentos de grande porte.
A medida, no entanto, acendeu o alerta de montadoras nacionais e sindicatos, que veem na ofensiva chinesa uma ameaça à produção local e aos empregos do setor. Diante disso, entidades pressionam o governo federal a antecipar a elevação das tarifas de importação. O Ministério da Economia estuda a possibilidade, mas ainda não tomou uma decisão.
Apesar dos planos da BYD para montar uma fábrica em Camaçari (BA), o cronograma da obra sofreu atraso e a produção deve começar apenas no fim de 2026. Situação semelhante ocorre com a GWM, que também postergou seus investimentos industriais. Para os críticos, a dependência de importações em larga escala sem contrapartidas produtivas compromete o desenvolvimento da cadeia nacional e dificulta o fortalecimento da mobilidade sustentável no país.
O tema ganhou ainda mais relevância diante da realização da COP30 no Brasil, em 2026. Especialistas alertam que o país precisa encontrar um equilíbrio entre os compromissos ambientais e a necessidade de proteger sua indústria automotiva, hoje pressionada por uma concorrência cada vez mais intensa.

GED

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