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Internações por infarto aumentam 438% na última década

Em Goiás, a média mensal de internações por infarto foi de 1.221 em 2008 para 6.569 em 2022

Um levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no Ministério da Saúde (MS), aponta que os números de internações por infarto do miocárdio aumentaram expressivamente em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal entre os anos de 2008 e 2022. Em Goiás, a média mensal de internações por infarto foi de 1.221 em 2008 para 6.569 em 2022, uma elevação de 438%. 

O levantamento foi realizado pelo Observatório de Saúde Cardiovascular do INC no Sistema de Internação Hospitalar do DataSUS. A abrangência são todos os pacientes brasileiros do SUS (em hospitais públicos e hospitais privados que têm convênio com o SUS), o que representa de 70% a 75% do total de pacientes no Brasil. Entre os atendimentos contabilizados, os homens representam a maior fatia da população afetada.

Para o cardiologista e membro da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, Dr. Arthur Pipolo, nas últimas décadas, o sedentarismo, a obesidade, a hipertensão arterial e o diabetes aumentaram de forma substancial na população. Todos esses problemas de saúde são fatores de risco para o aumento do infarto agudo do miocárdio.

“Os homens sempre lideraram os índices de infarto por estarem mais expostos aos fatores de riscos dele, porém nos últimos 20 anos isso mudou. Hoje sabemos que mulheres acima de 50 anos já têm a mesma chance de infartar que homens nessa idade. Isso ocorre pela mudança no estilo e qualidade de vida das mulheres. Por isso é essencial fazer checkup cardiológicos a depender da condição de saúde de cada indivíduo”, relata o especialista. 

Considerando o levantamento nacional, houve um acréscimo de 158,31% no número de internações por infarto no Brasil neste intervalo de 14 anos. A principal conclusão do recorte por estados do levantamento, divulgado agora, é que o problema do aumento da incidência de doenças coronarianas atingiu todas as regiões do país.

“A elevação dos casos de infarto aconteceu em todos os estados brasileiros, independentemente do tamanho e densidade populacional, nível de urbanização, desenvolvimento econômico-social e renda per capita, ou condições climáticas”, afirma Dra. Aurora Issa, Diretora do INC. “O aumento da incidência de doença coronariana é nacional”, complementa.

As principais causas de infarto são:

  • Aterosclerose (consumo excessivo de alimentos gordurosos)
  • Pressão alta
  • Diabetes
  • Obesidade 
  • Tabagismo
  • Uso de álcool e drogas
  • Arritmias
  • Medicamentos excessivos
  • Embolia

Óbitos por infarto

De 2017 a 2021, 7.368.654 brasileiros morreram devido a doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte entre homens e mulheres no país. O Dr. Bernardo Tura, pesquisador do Observatório de Saúde Cardiovascular e responsável direto pelo levantamento, alerta para distorções nos números de estados como Rondônia e Roraima, que apresentaram elevações extremamente elevadas. Ele explica que distorções estatísticas acontecem com frequência quando se analisam populações muito pequenas.

O pesquisador esclarece ainda que o levantamento do INC classifica os pacientes de acordo com seus locais de residência, não de internação. Ou seja, um paciente de uma região com pouco acesso a serviços de saúde transferido para tratamento em São Paulo, o que acontece com alguma frequência, consta no levantamento por seu estado de origem.

Prevenção

O cirurgião cardiovascular, Fernando Silvério, afirma que são vários os sinais que podem estar relacionados ao risco de infarto.  “No homem é a típica dor no peito, que pode randear pra mandíbula, para o pescoço e para o braço. Na mulher, a dor é mais típica, uma dor é irradiada pro estômago. E tanto no homem quanto na mulher, está muito associada a palpitação, que é batedeira, sudorese, fia, mal -estar geral e falta de ar. Então, quanto mais graves são esses sinais é fácil da pessoa ter uma parada cardíaca”. 

Ainda de acordo com o especialista, a prevenção é evitar tabagismo, controlar muito bem a pressão, o diabetes, bons hábitos alimentares, fazer atividade física, fazer um check-up regular e acompanhamento clínico regular com o cardiologista.

Aurora Issa cita como prováveis causas da elevação do número de infartos no país o envelhecimento populacional e aumento da obesidade, causada pelo sedentarismo e alimentação inadequada. A médica enfatiza que a prevenção às doenças cardiovasculares passa pela adoção de um estilo de vida saudável: não fumar; fazer atividades físicas regularmente; e ter uma dieta saudável (menos alimentos gordurosos e ultraprocessados, mais verduras, legumes, frutas e hortaliças). Ela também chama a atenção para a importância da vacinação, em particular contra a Covid-19 e gripe, uma vez que as infecções podem ser um gatilho para o infarto do miocárdio.

Para diminuir o risco de infarto é recomendado:

  • Ter uma alimentação saudável;
  • Praticar atividades físicas regularmente;
  • Parar de fumar;
  • Perder peso em caso de sobrepeso ou obesidade;
  • Evitar o consumo excessivo de álcool;
  • Não fazer uso de drogas ilícitas, como cocaína ou maconha;
  • Usar medicamentos somente com orientação médica.

De forma geral, ter uma alimentação balanceada pode minimizar os riscos de doenças cardíacas, é o que afirma o nutricionista Renato Violi. “Quanto mais variada for e principalmente colorida, ou seja, rica em frutas, verduras, legumes, folhagens, cereais e proteínas de boa qualidade, a refeição ficará mais completa e vai fornecer micronutrientes como vitaminas e minerais que contribuem para o bom funcionamento do corpo, ajudam a reforçar a imunidade e garantem uma vida mais saudável”, destaca. 

Pipolo lembra que além de seguir uma vida ativa, praticando exercícios físicos aliados a boa alimentação, outra melhor forma para prevenção é a realização de exames periódicos, o famoso ‘checkup cardíaco’ a partir dos 35 anos. “Exames cardiológicos básicos, como teste da esteira e o ecocardiograma são suficientes para uma avaliação adequada e início de medidas para prevenir o Infarto Agudo do Miocárdio”, finaliza o cirurgião.

Para pessoas que já infartaram, seguir algumas orientações médicas é essencial, principalmente devido ao uso de medicamentos ligados ao funcionamento cardíaco. “Pessoas com problemas cardíacos devem evitar alimentos ultra processados, pois são ricos em conservantes que fazem mal a saúde, e ainda reduzir o consumo de frituras e gorduras de reuso. O sal também deve ter consumo reduzido ao máximo, pois estimula o aumento da pressão arterial, e pode desencadear outras complicações”, pontua Violi.

GED

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