Indústria no limite: três meses de tarifaço provocam prejuízo generalizado e força descontos, cortes e fuga de clientes
Setores de móveis, máquinas e calçados enfrentam queda nas exportações, descontos e busca por novos mercados
Ao longo dos últimos três meses, o impacto das tarifas extras aplicadas pelos Estados Unidos tem se espalhado por diferentes segmentos da indústria brasileira, criando um cenário de incertezas, retração de pedidos e necessidade constante de adaptação. Nos setores de móveis, máquinas e calçados, o tarifaço já provocou perda de rentabilidade, redução expressiva nas encomendas e reestruturação de estratégias de venda. A resposta tem sido imediata: renegociações, descontos forçados e redirecionamento de produtos para outros mercados.
No segmento de máquinas e equipamentos, a desaceleração norte-americana atingiu de forma brusca a indústria nacional.
Depois de responder por mais de um quarto das exportações brasileiras até agosto, os Estados Unidos reduziram sua participação pela metade. Em outubro, o recuo chegou a 31,6% em relação ao mês anterior, com retração generalizada entre os principais grupos exportadores.
A queda, segundo a Abimaq, evidencia um processo acelerado de perda de mercado. Setores que vinham sustentando o desempenho, como logística e construção civil, sofreram recuos superiores a 50%, revelando um ambiente externo cada vez mais hostil.
Entre os calçadistas, o movimento não tem sido muito diferente. Embora o volume exportado tenha crescido 7,5% no acumulado do ano, o valor arrecadado caiu 1%, reflexo direto dos descontos impostos pelos clientes norte-americanos.
Parte das empresas passou a dividir as tarifas extras com compradores dos EUA para evitar cancelamentos em massa, o que corroeu margens e pressionou a competitividade. Já o setor moveleiro enfrenta retração semelhante, com freio nas importações globais e renegociação constante de contratos.



