Saúde

Hospital Araújo Jorge suspende novas consultas oncológicas por falta de repasses da Prefeitura de Goiânia

O Hospital de Câncer Araújo Jorge anunciou a suspensão das consultas oncológicas iniciais a partir desta terça-feira (17/12) devido à falta de repasses financeiros da Prefeitura de Goiânia. A medida impacta milhares de pacientes que aguardam atendimento para diagnóstico e tratamento contra o câncer, colocando suas vidas em risco.

Em nota, a direção do hospital explicou que os atendimentos de primeira consulta regulados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) estão suspensos por tempo indeterminado. A unidade hospitalar ressalta que a situação inviabiliza a continuidade plena de suas operações e compromete o direito fundamental à saúde dos pacientes.

“A decisão foi tomada devido à ausência de repasses financeiros por parte da Prefeitura de Goiânia, o que ameaça diretamente a continuidade das operações da instituição e expõe os pacientes oncológicos a uma situação crítica e perigosa”, afirmou a direção.

Débitos ultrapassam R$ 55 milhões

O Hospital Araújo Jorge enfrenta um acúmulo de débitos que ultrapassa R$ 55 milhões, incluindo a produção do SUS referente aos meses de setembro e outubro de 2024, além de valores provenientes de emendas parlamentares, portarias federais e outros compromissos não cumpridos pela gestão municipal.

A unidade, que depende em 90% de recursos do SUS, atende mais de 70% dos casos oncológicos no estado de Goiás. Com os atrasos, despesas operacionais essenciais estão comprometidas, como a compra de insumos médicos, folha de pagamento dos colaboradores e investimentos estruturais. Um exemplo é a necessidade urgente de substituir um acelerador linear usado em radioterapia, que já possui mais de 20 anos de uso.

Pacientes em tratamento continuam sendo atendidos

Apesar da suspensão das novas consultas, o hospital garantiu que os pacientes já em tratamento continuarão recebendo atendimento normalmente. Entretanto, aqueles que tinham primeiras consultas marcadas para o dia 17 de dezembro ou datas posteriores devem procurar o Complexo Regulador da SMS para receber orientações.

Responsabilidade e pedido de socorro

De acordo com a direção, a situação atual reflete anos de negligência e promessas não cumpridas pela Prefeitura de Goiânia. A instituição afirma que a responsabilidade pela crise recai sobre a gestão municipal, que expõe os pacientes oncológicos à incerteza e insegurança.

O hospital faz um apelo urgente ao Governo do Estado de Goiás, aos parlamentares e demais autoridades para que intervenham a fim de evitar o colapso da assistência oncológica no estado. Também destacou a importância do apoio da sociedade neste momento crítico:

“É inadmissível que uma instituição referência em oncologia, responsável por salvar milhares de vidas, seja tratada com tamanho descaso pelas autoridades municipais.”

Resposta da Prefeitura

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) alegou que os recursos do SUS estão bloqueados pela Justiça e que aguarda o desbloqueio para regularizar os pagamentos:

“A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclarece que os recursos do SUS seguem bloqueados pela Justiça. O interventor da Saúde, Márcio de Paula Leite, aguarda o desbloqueio para que seja possível pagar a Fundahc e os prestadores SUS, entre eles o Hospital Araújo Jorge.”

Impacto na saúde pública

O Hospital Araújo Jorge é peça fundamental na rede de saúde oncológica em Goiás e, com a suspensão das consultas, milhares de pacientes que dependem exclusivamente do SUS enfrentam incertezas em seus diagnósticos e tratamentos. A situação revela uma grave crise de saúde pública que exige uma solução imediata para evitar a perda de vidas e o colapso dos serviços oferecidos pela instituição.

GED

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo