Haddad diz que taxação de “BBBs” só é injusta para desinformados

Por Ana Lucia
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (14) que a taxação de “BBBs” — bancos, bets e bilionários — só é considerada injusta “na cabeça de pessoas desinformadas”. A declaração ocorreu durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, presidida pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), para tratar da execução do Orçamento de 2026 e das consequências da derrubada da Medida Provisória (MP) do IOF pelo Congresso Nacional.
A MP previa arrecadar R$ 17 bilhões por meio da maior tributação sobre casas de apostas, fintechs e investimentos isentos, como LCIs e LCAs. Haddad destacou que conversará com o presidente Lula para alinhar medidas que permitam fechar a peça orçamentária do próximo ano. “Amanhã devemos começar a trabalhar o tema, mas já recebi de vários parlamentares aceno no sentido de corrigir o que aconteceu”, afirmou.
Segundo o ministro, setores que produzem externalidades negativas, como tabaco, bebidas alcoólicas e apostas, são sobretaxados globalmente, e o Brasil ainda é tímido nesse aspecto. Ele reforçou que a equipe econômica deve manter a proposta de aumento da tributação sobre fintechs e casas de apostas, seguindo práticas internacionais de justiça fiscal.
Haddad comentou ainda sobre a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que determinou que o governo busque o centro da meta fiscal, e não a banda inferior, para execução do Orçamento. A medida, se confirmada, pode gerar cortes de até R$ 65,1 bilhões durante o ano eleitoral de 2026, afetando programas e emendas prioritárias.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), classificou a decisão do TCU como “ilegal”, argumentando que a lei do arcabouço fiscal permite a execução segundo a banda inferior da meta. Haddad reforçou que, apesar do desafio, o governo busca manter equilíbrio fiscal sem comprometer áreas essenciais.
O ministro ainda lembrou que a MP do IOF era um dos pressupostos para fechar o orçamento, e sua derrubada exigirá ajustes nas projeções de receitas e despesas, reafirmando a necessidade de diálogo entre Executivo e Legislativo para preservar a responsabilidade fiscal do país.