Goiânia

Grupo promove passeio ciclístico com deficientes visuais em Goiânia

Evento será neste domingo no Parque Areião

Ciclistas e portadores de deficiência visual reúnem-se na manhã deste domingo (21/8), para um passeio ciclístico pelas ruas e avenidas de Goiânia. A ação, caracterizada por alegria, amizade, descontração e busca por conhecimento, integra uma das atividades desenvolvidas pelo grupo Na Bike com Deficientes Visuais (NBDV). O passeio guiado, realizado a bordo de bicicletas tandens, adaptadas para a acomodação de condutores e deficientes visuais, é realizado tradicionalmente pelos componentes da entidade no terceiro domingo de cada mês.
O grupo vai se concentrar às 8 horas no Parque Areião, Setor Pedro Ludovico, no primeiro recuo atrás do Hospital Estadual de Urgências do Estado de Goiás (Hugo). A largada está prevista para acontecer as 9 horas. Todos são orientados a usar capacetes, luvas, óculos e demais equipamentos de proteção individual. Do Parque Areião, o grupo vai seguir em direção ao Setor Marista. Está prevista uma parada para hidratação na Sorveteria Urban Arts – parceira do NBDV, localizada no Setor Marista. De lá, o grupo retorna ao ponto de partida.
O presidente do NBDV, Emerson Martins Cardoso, destaca o reconhecimento e avanço alcançados pela entidade. A cada mês, conforme diz, a direção do NBDV é procurada por amigos e familiares de pessoas que não enxergam ou têm grandes dificuldades para enxergar com o propósito de incluí-las no grupo. Na avaliação do presidente, o passeio ciclístico com os deficientes visuais está integrado no calendário esportivo e de caráter social da cidade. Esse já é o 38º passeio do grupo.
Resgate da cidadania
O NBDV foi criado em 2017 quando um grupo de amigos, apaixonado por ciclismo, decidiu oportunizar aos deficientes visuais um pouco da sensação de liberdade e do prazer de pedalar e de conhecer, com mais profundidade, os principais pontos turísticos e históricos de Goiânia. Aos poucos, o NBDV foi crescendo, se consolidando, conquistando o apoio de representantes de instituições e de empresas e a adesão das pessoas que têm deficiência visual. Entre as instituições que apoiam e que dão respaldo e segurança ao grupo estão a Unimed e a Secretaria Municipal de Mobilidade de Goiânia.
O vice-presidente do NBDV, Supercílio Barros Filho, destaca que o grupo desenvolve as atividades sem qualquer pretensão paternalista. “Visamos, antes de tudo, assegurar a cidadania destas pessoas, levando a elas a informação”, sublinha. Nos passeios guiados com as bikes adaptadas, conforme diz, os condutores são orientados a descrever para o deficiente visual os aspectos da cidade, a história e características dos pontos turísticos e parques visitados.
Atualmente a entidade tem cerca de 50 participantes, entre condutores e deficientes visuais. Entre os DVs, há aqueles que nasceram com doenças congênitas, os que tiveram problemas visuais depois de sofrer acidentes e pessoas com autismo, entre outros agravos.  Estas questões, contudo, não impedem que os participantes atuem com independência e vivam a felicidade de passear e apreciar o que há de belo e significativo em Goiânia.
Gosto de recomeço
Para muitos portadores de deficiência visual, a participação nos passeios coordenados pelo NBDV tem gosto de recomeço, de encontro com novas possibilidades. Foi isso o que aconteceu com Flávio César Santos. Ele integrou um grupo de ciclistas durante alguns anos. Em 2011, contudo, recebeu o diagnóstico de retinose pigmentar, doença degenerativa e hereditária, que causa deficiência visual. Em 2015, Flávio Santos sofreu um acidente. A partir de então, constatou que estava com perda gradativa da visão.
Ele conta que vendeu a bicicleta que tinha e ficou por um ano parado, sem condição de pedalar. Em 2017, conheceu “a galera” do NBDV. O projeto, a possibilidade de voltar a pedalar, conforme disse, deu um novo estímulo à sua vida. Para a pedagoga Luiza Inês Pereira Silva, o NBDV tem significado de inclusão. Ela é mãe de Alexandre Augusto Pereira Silva, um adolescente de 17 anos, de rara inteligência, que tem baixa visão em decorrência de autismo.
Desde 2017, Luiza e o filho integram o NBDV. Ela, como condutora e componente da diretoria. Alexandre, como um jovem guiado por um ciclista de vasta experiência. “É muito importante poder pedalar, fazer um passeio ou mesmo uma trilha. Para o Alexandre é mais importante ainda. A pessoa com deficiência visual precisa sentir, tocar, ter sensações. O projeto trouxe essa liberdade para o meu filho.”
SERVIÇO
Local: Parque Areião, primeiro recuo atrás do Hugo
Data – 21 de agosto – domingo
Horário – 8 horas (concentração), 9 horas (início do passeio)

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