FIEG divulga pesquisa que revela escassez de mão de obra qualificada na construção civil em Goiás
Presidente da FIEG, Sandro Mabel (Foto), defende mecanização de processos na construção civil. “Precisamos fazer com que o trabalhador deixe de ser carregador de tijolos, ele precisa se ver como operador de máquina”
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Embora aquecido após queda, entre 2011 e 2020, o setor da construção civil apresenta indicativos satisfatórios de recuperação. Embora aquecido após queda, entre 2011 e 2020, o setor da construção civil apresenta indicativos satisfatórios de recuperação.
Desde 2019, por exemplo, o número de registro de obras aumentou. Porém, atrair mão de obra com registro formal tem sido missão cada vez mais difícil para os empregadores.
Com apoio do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Goiás (Sinduscom), as entidades do Sistema S foram a campo para identificar fatores que geram escassez de mão de obra. Os principais são: o registro como MEI daqueles que atendem diretamente o setor, migração para informalidade enquanto aguardam recolocação, falta de mecanização nos canteiros de obra, exigência de experiência comprovada e os baixos salários.
O relatório mostrou queda de 15% em relação ao número de pessoas empregas na construção, entre 2011 e 2021. A recuperação, conforme ilustrado, começou a partir de 2019, mas o setor ainda sofre com a falta de trabalhadores. Ainda de acordo com a pesquisa, 75% dos trabalhadores preferem a informalidade justamente por obterem ganhos melhores.
Os entrevistados, por outro lado, apontam fatores que podem ajudar a reverter o cenário: melhores salários, pagamento de horas extras, plano de saúde. Para identificar melhor o cenário, os pesquisadores entrevistaram trabalhadores formais e informais, visitaram feirão de empregos, obras e condomínios.
Também foi observada a série histórica da geração empregos. Foi identificado ainda que trabalhadores desempregados de outras áreas não têm interessem em ingressar na construção civil porque o trabalho é demasiadamente pesado.
“Precisamos começar a qualificar e investir no nicho da automação, precisamos pensar na automação porque a mecanização nos permite alcançar melhor eficiência. Vamos lançar esse desafio e desenvolver equipamentos simples e de baixo custo que possam tirar aquele esforço maior que o pedreiro faz”, destacou à imprensa o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás, Sandro Mabel.
Mabel também pontuou que processos mecanizados podem atrair novos trabalhadores para construção.
“Precisamos fazer com que o trabalhador deixe de ser carregador de tijolos, ele precisa se ver como operador de máquina”. Acrescentou ainda que “planejamento e mecanização dos processos podem baixar o custo da obra”.
Perfil do trabalhador
O Observatório Fieg Iris Rezende e o IEL também identificaram o perfil do trabalhador da construção civil. 90% das vagas são ocupadas por homens sendo que 54% possuem entre 30 e 49 anos. A escolaridade dos trabalhadores melhorou e 62% possuem Ensino Médio incompleto ou completo.
Em 2011, 58% tinha apenas o Ensino Fundamental completo ou incompleto. A remuneração para 77% é de até dois salários mínimos.
Outro dado que chama atenção é que 54% dos informais não realizaram nenhum curso de qualificação.
“O crescimento pós-pandemia nos motiva muito e nos coloca em um cenário favorável. As informações [da pesquisa] irão auxiliar para sermos mais assertivos nas decisões”, enfatizou o diretor-superintendente do Sebrae, Antônio Carlos de Souza.
Cenário
Os responsáveis pelo estudo divulgaram ainda alguns números que ajudam entender melhor o setor da construção civil em Goiás; confira.
• 6,8 mil empresas ativas (2021- Rais/MTE);
• 69,5 mil empregados (2021 – Rais/MTE);
• 4,8 mil obras ativas (2022 – Receita Federal);
• Mercado da construção civil está aquecido. Entre 2018 e 2022 o registro de obras ativas aumentou 55%.