ESPORTE

Ex-jogador do Palmeiras é condenado a mais de 22 anos por esquema de manipulação de jogos

Sentença contra Romarinho foi publicada no último domingo em Goiânia; outros dois empresários também foram condenados

A Justiça de Goiás condenou o ex-jogador Romário Hugo dos Santos, conhecido como Romarinho, a 22 anos e 10 meses de prisão por envolvimento em um esquema de manipulação de resultados em partidas do futebol brasileiro. A sentença foi publicada no último domingo, dia 3 de agosto, em Goiânia. Além dele, os empresários Thiago Chambó Andrade e Bruno Lopez de Moura também foram condenados por participação ativa na organização criminosa.

A decisão é resultado da Operação Penalidade Máxima, conduzida pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), que investiga desde 2023 um sofisticado esquema de fraudes esportivas em diversas competições nacionais.

Romarinho era articulador e financiador do esquema

De acordo com o processo, Romarinho não apenas financiava o grupo, mas também atuava como um dos principais articuladores. Ele era responsável por fazer os pagamentos a jogadores envolvidos e gerenciar o dinheiro apostado em sites esportivos, com base em resultados previamente combinados.

Mesmo sem exercer papel de liderança formal, a Justiça considerou que sua atuação foi decisiva para o funcionamento do esquema.

Esquema envolvia combinações de lances e placares

As investigações apontaram que o grupo manipulava lances específicos, como pênaltis e cartões, além de resultados finais. Os jogos-alvo envolviam partidas do Campeonato Brasileiro das Séries A e B e de campeonatos estaduais entre 2022 e 2023. As apostas eram feitas em plataformas esportivas, gerando lucros para os integrantes da quadrilha — e prejuízo para clubes, torcedores e o próprio futebol brasileiro.

Entre os confrontos manipulados estão:

  • Campeonato Brasileiro 2022: partidas de clubes como Avaí, Cuiabá, Goiás, Fluminense, Palmeiras, Santos, Atlético-MG e Botafogo
  • Campeonato Gaúcho 2023: Esportivo x Novo Hamburgo (11/02)

Empresários também foram condenados

Além de Romarinho, dois empresários receberam penas significativas:

  • Thiago Chambó Andrade: 5 anos e 9 meses de prisão, em regime semiaberto. Era um dos responsáveis pela logística financeira do grupo.
  • Bruno Lopez de Moura: 19 anos de prisão. Chegou a firmar um acordo de colaboração, mas o juiz considerou que sua ajuda não foi decisiva.

Os três também foram condenados a pagar, juntos, R$ 2 milhões em indenização por danos causados à sociedade. Apesar das sentenças, eles poderão recorrer em liberdade, desde que cumpram medidas como não sair do país nem manter contato com outros investigados.

Trajetória no futebol e atuação atual

Romarinho teve passagem pelo Palmeiras entre 2009 e 2013, considerada a fase mais destacada de sua carreira. Atuou também por clubes como Ponte Preta, Guaratinguetá, Passo Fundo e Ypiranga. Seu último registro como jogador profissional foi em 2019. Atualmente, ele é empresário no ramo automotivo e mantém uma loja de veículos bastante conhecida entre atletas.

Esquema tinha estrutura profissional

Segundo o MPGO, o grupo criminoso era organizado com funções bem definidas entre líderes, intermediários e executores. Ao todo, 23 pessoas já foram identificadas até agora na Operação Penalidade Máxima, incluindo:

  • 5 acusadas de integrar a quadrilha
  • 16 por aliciar jogadores com dinheiro
  • 5 por aceitar manipular jogos
  • 2 por lavagem de dinheiro

As provas que sustentam as condenações incluem interceptações telefônicas, mensagens de celular, quebras de sigilo bancário e depoimentos. O Ministério Público segue com novas denúncias e investigações em andamento.

Defesa dos réus

Até o momento, as defesas dos condenados não se manifestaram. O espaço permanece aberto para posicionamentos.

GED

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