EUA pressionam contra venda de minas de níquel

Por Ana Lucia
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O Instituto Americano do Ferro e do Aço (AISI, na sigla em inglês) pediu a intervenção do governo dos Estados Unidos contra a venda dos ativos de níquel da Anglo American no Brasil para a mineradora chinesa MMG. O acordo, que inclui operações em Goiás e projetos no Pará e em Mato Grosso, ocorre em um cenário de disputa global pelo controle de minerais considerados críticos.
O AISI representa uma indústria avaliada em mais de US$ 520 bilhões em produção. Para a entidade, a transação pode ampliar a influência chinesa sobre as reservas brasileiras de níquel, um insumo essencial para a fabricação de baterias e tecnologias ligadas à transição energética. A preocupação é que, somada ao domínio chinês sobre a produção na Indonésia, a operação aumente a vulnerabilidade da cadeia global de suprimento.
O caso foi levado ao USTR, agência de representação comercial dos Estados Unidos, dentro de uma consulta pública que analisa políticas brasileiras capazes de afetar interesses norte-americanos. A depender do desfecho, não estão descartadas medidas adicionais de pressão econômica sobre o Brasil.
Em comunicado divulgado nesta segunda-feira (25/8), a Anglo American destacou que o processo de venda seguiu critérios rigorosos de seleção. A mineradora afirmou que a MMG foi escolhida como “um comprador responsável”, com capacidade de dar continuidade às operações e benefícios para trabalhadores, comunidades locais, acionistas e demais partes interessadas.
A empresa britânica reforçou ainda que a decisão integra sua estratégia global de simplificação do portfólio, com foco em setores considerados prioritários, como cobre, minério de ferro de alto teor e nutrientes agrícolas. Esses segmentos, segundo a companhia, estão mais alinhados à segurança alimentar e à transição energética mundial.
O negócio inclui as minas e plantas de processamento de ferroníquel de Barro Alto e Niquelândia, em Goiás, que juntas produziram 39,4 mil toneladas de níquel em 2024. Também fazem parte do acordo dois projetos de grande potencial mineral: Jacaré, no Pará, estimado em cerca de 300 milhões de toneladas de recursos, e Morro Sem Boné, em Mato Grosso, com 65 milhões de toneladas.
A Anglo American afirmou que a MMG “herdará um negócio com mais de 40 anos de história em Goiás”, destacando geração de empregos e compromisso com sustentabilidade. A transição, segundo a empresa, será conduzida em conjunto com a compradora, priorizando segurança e responsabilidade socioambiental.