Saúde

Estudo brasileiro identifica marcador sanguíneo promissor para diagnóstico precoce do Alzheimer

Descoberta pode reduzir o tempo entre os primeiros sintomas e o diagnóstico da doença, permitindo tratamentos mais precoces

Pesquisadores brasileiros identificaram um marcador no sangue que pode acelerar o diagnóstico do Alzheimer. O estudo, publicado em março na revista científica Nature Communications, avaliou biomarcadores em idosos e apontou a proteína pTau217 como um dos indicadores mais promissores para detecção precoce da doença.

O trabalho envolveu análise clínica de amostras sanguíneas de pessoas com sinais iniciais de comprometimento cognitivo. Os cientistas buscaram marcadores associados a alterações cerebrais típicas do Alzheimer, como o acúmulo de placas de proteína beta-amiloide e emaranhados de tau.

A principal conclusão é que o pTau217 — uma forma modificada da proteína tau — consegue distinguir, com alto grau de precisão, indivíduos com Alzheimer daqueles com outros tipos de demência ou sem alterações cognitivas. O uso desse biomarcador pode facilitar o rastreio da doença ainda nos estágios iniciais, sem necessidade imediata de exames mais caros e complexos, como tomografias ou punções lombares.

A expectativa dos pesquisadores é que, com mais testes, a técnica possa ser aplicada na rede pública de saúde para ampliar o diagnóstico precoce, especialmente em locais com menos acesso a recursos diagnósticos avançados.

O que é o Alzheimer?

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta, de forma progressiva, a memória e outras funções cognitivas. Trata-se da forma mais comum de demência entre idosos.

De acordo com o Ministério da Saúde, a doença é responsável por cerca de 60% dos casos de demência no Brasil. O sintoma mais recorrente no início é a perda da memória recente — por exemplo, esquecer compromissos ou repetir perguntas. Com o tempo, surgem sinais mais graves, como desorientação no tempo e no espaço, dificuldade de comunicação, irritabilidade e confusão mental.

Não há cura, mas tratamentos podem retardar a progressão dos sintomas, especialmente quando iniciados nas fases iniciais da doença. Por isso, diagnósticos mais rápidos são considerados essenciais por médicos e especialistas.

Caminho para a aplicação clínica

Apesar do avanço, o uso do pTau217 em larga escala ainda depende de validação em grupos maiores e mais diversos da população. Os autores do estudo alertam que a detecção do biomarcador precisa ser acompanhada por avaliação clínica completa, feita por profissionais especializados em neurologia ou geriatria.

A pesquisa foi conduzida por cientistas de centros universitários brasileiros em colaboração com instituições internacionais. Os resultados reforçam a relevância da ciência nacional no combate a doenças neurodegenerativas e abrem caminho para novas políticas de saúde voltadas ao envelhecimento populacional.

Se confirmada em estudos futuros, a aplicação do exame poderá representar um novo padrão no diagnóstico do Alzheimer, com exames de sangue simples, acessíveis e eficazes.

GED

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