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Equipes de salvamento buscam sobreviventes em Mayotte após passagem devastadora do ciclone Chido

Equipes de resgate intensificaram as buscas por sobreviventes na ilha francesa de Mayotte, localizada ao largo da costa da África Oriental, após o ciclone Chido ter causado estragos devastadores no último fim de semana. Com ventos superiores a 225 km/h, o ciclone destruiu comunidades inteiras, atingindo principalmente os moradores de bairros de lata, que já viviam em situação de extrema vulnerabilidade.

De acordo com François-Xavier Bieuville, representante do governo na ilha, o número de mortos pode ultrapassar mil pessoas. Ele descreveu a situação como “extremamente difícil” para estimar as perdas, considerando a destruição generalizada e as tradições muçulmanas locais que exigem o sepultamento dos mortos em até 24 horas. A população ilegal da ilha, estimada em mais de 100 mil habitantes dentro de um total de 320 mil, torna ainda mais complexa a contagem precisa de vítimas fatais.

Mobilização de ajuda e reforços

O governo francês deslocou 160 soldados e bombeiros para Mayotte, somando-se aos 110 profissionais já presentes. Equipamentos de resgate e suprimentos estão sendo transportados por via aérea e marítima. Nicolas Daragon, ministro francês da Segurança Interna, anunciou a chegada dos primeiros aviões de intervenção e reafirmou o comprometimento do governo em apoiar a população da ilha.

Adicionalmente, uma ponte aérea foi estabelecida entre Mayotte e a Ilha da Reunião, outro território ultramarino francês, para facilitar o transporte de materiais de socorro. Segundo o ministro da Defesa, Sebastien Lecornu, estruturas temporárias para alojar equipes de emergência já foram instaladas, com capacidade para 150 pessoas, e mais unidades estão a caminho. Suprimentos como alimentos e geradores também estão sendo distribuídos.

Impacto e resposta local

O ciclone Chido é considerado o mais forte a atingir Mayotte em mais de 90 anos, segundo o Meteo France. As imagens compartilhadas pela mídia local revelam cenários apocalípticos: destroços de centenas de casas espalhados pelas encostas, coqueiros tombados sobre os telhados e corredores hospitalares inundados.

A situação do sistema de saúde também é crítica. De acordo com Geneviève Darrieussecq, ministra da Saúde e Solidariedade da França, o principal hospital da ilha sofreu danos significativos em áreas essenciais como cirurgia, reanimação e maternidade. Centros médicos locais também estão inoperantes. Apesar disso, o hospital continua funcionando, ainda que de forma precária.

Contexto histórico e social

Mayotte é o território mais pobre da França e da União Europeia, com mais de três quartos de sua população vivendo abaixo do limiar de pobreza. A ilha enfrenta desafios históricos de violência de gangues e tensões sociais, agravados este ano pela escassez de água. Colonizada pela França em 1843, Mayotte optou por permanecer sob controle francês em referendo realizado em 1974, enquanto o restante do arquipélago das Comores se tornou independente.

Ciclone Chido atinge região mais ampla

Além de Mayotte, o ciclone Chido também causou estragos nas vizinhas Comores e Madagascar. Nas Comores, 11 pescadores permanecem desaparecidos, enquanto em Moçambique, três mortes foram confirmadas nas províncias de Nampula e Cabo Delgado. As chuvas torrenciais e ventos de até 260 km/h deixaram mais de 2.800 pessoas desabrigadas em Pemba, cidade costeira de Moçambique.

O impacto do ciclone destaca a vulnerabilidade de regiões costeiras no Oceano Índico a eventos climáticos extremos, ressaltando a necessidade de preparação e assistência internacional. Enquanto Mayotte enfrenta os desafios imediatos de resgate e reconstrução, a tragédia serve como um lembrete urgente dos riscos associados às mudanças climáticas e às desigualdades sociais em regiões de alta vulnerabilidade.

GED

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