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Endividamento cresce 12% em Goiás e atinge quase 400 mil pessoas, aponta pesquisa da CNC

Por Ana Lucia
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O número de pessoas endividadas em Goiás aumentou 12% em setembro de 2025 em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O total de endividados chegou a 398,5 mil goianos, dos quais 226,5 mil possuem contas em atraso — um crescimento de 13% em comparação com 2024.
Do total, 122,4 mil consumidores afirmaram não ter condições de pagar suas dívidas, número 10% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior. O cartão de crédito continua sendo o principal fator de endividamento, representando 64,9% dos casos. Em seguida aparecem carnês (17,4%), crédito pessoal (12,9%), financiamento de veículos (11,1%) e financiamento habitacional (10,9%).
O levantamento mostra ainda que 55,2% das dívidas estão em atraso há mais de 90 dias, com média de 70 dias de inadimplência. O cenário revela um endividamento de longo prazo: 51,4% dos consumidores estão com débitos há mais de um ano, enquanto 23,9% acumulam dívidas entre seis meses e um ano.
Segundo o presidente da Fecomércio-GO, Marcelo Baiocchi, o aumento é reflexo direto do desaquecimento econômico e do alto custo do crédito.
“Mais de 11% das pessoas têm mais da metade da renda comprometida. Isso é impagável. A economia está dando sinais de retração e os juros elevados tornam o financiamento de qualquer bem inviável”, explicou.
De acordo com o estudo, 53,7% dos entrevistados comprometem de 11% a 50% da renda mensal com dívidas, enquanto 9,9% destinam mais da metade da renda ao pagamento de débitos. Baiocchi avalia que o quadro tende a ampliar a inadimplência e reduzir o poder de consumo.
“É um cenário preocupante, porque muitos consumidores acabam migrando para o grupo dos que não conseguem pagar. A renda não acompanha os compromissos e isso afeta diretamente o comércio”, destacou.
O dirigente ressalta que o impacto é sentido nas vendas do varejo, já que o número de consumidores com restrição no crédito cresce a cada mês. “Quem entra nos cadastros de inadimplentes deixa de ser um comprador ativo. O comércio perde clientes e tem menos pessoas aptas a comprar no crediário”, pontuou.

GED

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