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Disputa bilionária pela Warner expõe nova guerra no entretenimento global

Paramount reage à proposta da Netflix e apresenta oferta de US$ 108 bilhões; mercado discute efeitos de um possível monopólio e impacto político na aprovação do negócio

O novo capítulo da disputa pelo controle da Warner Bros. Discovery reacendeu tensões sobre concentração de mercado no entretenimento mundial. Três dias após a Netflix anunciar um acordo preliminar de US$ 83 bilhões para adquirir a gigante de Hollywood, a Paramount retornou à mesa com uma contraoferta agressiva: pouco mais de US$ 108 bilhões, em um movimento classificado por analistas como “hostil e contundente”.

A disputa não se resume à compra de estúdios. A empresa que assumir o comando da Warner controlará alguns dos catálogos mais valiosos do planeta — um acervo que inclui Harry Potter, Game of Thrones, DC Comics, Friends, Succession, The Sopranos, além de centenas de produções clássicas e franquias multimilionárias. Em um mercado conduzido por propriedade intelectual, deter esses títulos significa liderar a competição por assinantes, publicidade, cinemas e licenciamento global.

A Paramount justificou sua oferta argumentando que a combinação entre Netflix e Warner criaria uma concentração inédita e poderia configurar um monopólio no setor de streaming. A gigante do streaming soma hoje cerca de 270 milhões de assinantes, enquanto o HBO Max adiciona aproximadamente 165 milhões, totalizando algo próximo de 430 milhões de usuários — mais que o dobro do que representaria uma fusão entre Paramount+ e HBO Max, estimada em cerca de 207 milhões.

Apesar disso, especialistas avaliam que qualquer megafusão desse porte enfrentará resistência regulatória, independentemente do comprador. Nos Estados Unidos, decisões recentes mostram maior rigor sobre movimentos que possam elevar preços, reduzir concorrência ou prejudicar independência editorial.

A Netflix, embora tenha obtido aprovação inicial de acionistas, ainda depende do aval de órgãos reguladores americanos e europeus. O presidente Donald Trump, em entrevista no último domingo, disse que o negócio “pode ser um problema” e declarou que pretende participar da análise, sugerindo que o acordo será politicamente sensível. A fala imediatamente repercutiu em Wall Street.

Outro fator pouco mencionado, mas relevante nos bastidores, envolve a influência da família Ellison — proprietária majoritária da Paramount e historicamente alinhada ao campo conservador. A proximidade com a nova administração americana pode pesar na disputa, especialmente em um momento em que a indústria vive forte polarização política e econômica.

Enquanto isso, executivos da Paramount indicam que estão dispostos a “pagar o que for necessário” para evitar que a Netflix assuma o controle de uma concorrente direta. Já a Warner, pressionada por anos de dívidas e reestruturações internas, enfrenta um dos processos mais complexos desde a fusão que originou a Warner Bros. Discovery em 2022.

No centro dessa guerra corporativa está o futuro do entretenimento global. A empresa que vencer esse “leilão de Hollywood” controlará boa parte do conteúdo que guia tendências culturais, movimenta bilhões em receitas e define, em grande medida, o que o mundo assiste.

O martelo final ainda não foi batido — e a disputa promete novos lances antes que o negócio avance ou seja barrado.

GED

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